terça-feira, 7 de agosto de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 12 - PARTE 1 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

CAPITULO XII  Fantasmas

Na construtora...

Claude chega minutos antes dos representantes americanos. Mal pisa na recepção vem Janete:

J: Dr. Claude, a Rosa tá bem? Que aconteceu com ela?

C: Ela está bem sim, Janete. Ela teve febre, mas já ta bem...

J: Que bom... vocês se entenderam? Ai... desculpa... tô sendo indiscreta!

C: Que isso, Janete! Vocês son amigas, é normal se preocuparem uma com a outra. A gente se entendeu sim, hã? Por que você non vai almoçar com ela? Pelo visto eu vou ter que almoçar com esses representantes dos americanos.

J: Ahh boa idéia! Eu vou ligar pra ela, então. Com licença. – E volta pra sua mesa.

Claude entra em sua sala e Frazão já esta lá.

F: Então, meu amigo, agora você é um cara realmente casado?! Porque legalmente já era né?! rsrsrsrsrsrsrsrs

C: Frazon, eu non te dei essa liberdade toda non, hã?

F: Você sempre me contou suas aventuras, aliás fazia questão de contar, não é?!

C: Mas Rosa non é uma aventura. Ela é meu tesouro, oui... E você non vai ficar sabendo de nada, hã?

F: Nada?! Nadinha?

C: Non. Essa parte só pertence às duas pessoas, no caso: Rosa e eu.

F: Sei. Mas pelo seu ar de satisfação, a noite foi muito boa.

C: Ar de satisfaçon... Ohh Frazon! Vai plantar bananeira pra ver se dá coco, hã?

Nesse instante entram os representantes. Depois dos cumprimentos, eles começam a discutir alguns detalhes do contrato. Prazo das assinaturas, testemunhas, etc.

R1: Dr. Claude, os Smith querem realizar uma recepção, antes da assinatura do contrato, pra conhecer todo o seu pessoal, inclusive eles querem que a arquiteta responsável, a Sra... como é mesmo o nome dela – diz procurando nos papéis à sua frente, sem achar...

C: É a Sra Serafina Rosa Petroni Geraldy, minha esposa. - E enfatiza a palavra esposa”.

Frazão dá um sorrisinho, enquanto pensa “É, o francês tá queimadinho mesmo.”

R1: Ah... é sua esposa... mais um ponto para o seu projeto. Os Smith, ou melhor a Elizabeth Smith, é  muito moralista com essas coisas de família, dinheiro, casamento..

Claude e Frazão se olham, pensando no tipo de casamento realizado...

R2: A americana não é fácil! Para a gente poder  representá-los aqui no Brasil foi uma maratona de testes e  estágios lá nos Estado Unidos. Não foi moleza!

C: Por mim, creio que está tudo bem, e você Frazon?

F: E pra quando seria isso?

R1: Vejamos... hoje é dia vinte e seis de outubro. Podemos marcar pro dia catorze de novembro, que tal? Véspera de feriado... fica bom pra todos!

R2: Tempo suficiente pra preparar tudo. Local, buffet, essas coisas...

R1: Neste prazo de dez dias os contratos estarão disponíveis para assinatura, caso não haja nenhum contratempo.

C: Nós precisamos disso pra poder iniciar a construção. Os materiais já estão gendados, as vendas também. O primeiro lote das casas non pode atrasar...

F: Bem, sendo assim estamos combinados. Que venham os Smith`s!

R2: Só um detalhe: como eu dizia, ela exige que a arquiteta e o designer apresentem o projeto para os acionistas que vem com eles para o Brasil, durante esta recepção. Algum empecilho?

V: Eu creio que non, a propósito quando os Smith vem para o Brasil?

R2: Eles não tem data definida, são imprevisíveis! Podem chegar na véspera da recepção, ou entrar por aquela porta agora.

F: Bem meus queridos, que tal encerrarmos a conversa com um almoço? Por nossa conta, claro.

Frazão e os representante saem na frente. Claude telefona pra Rosa.

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C: Oi, chérie! Eu non vou poder almoçar contigo. O Frazon fez o favor de convidar os representantes dos Smith para um almoço.

R: É eu já imaginava, a Janete ligou, vai vir almoçar aqui comigo...

C: Que bom, assim você non fica tão sozinha, já que hoje é a folga da Dadi.

R: É. Ela já deixou tudo pronto. É só esquentar.

C: D`accord! Eu vou pra casa assim que sair do almoço, oui?  Agora tenho que ir, eles eston esperando.

R: Tudo bem, Claude... tchau...

C: Rosa...

R: Sim?

C: Te amo...

R: Também te amo... muito!

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Depois de falar com Claude, Rosa arruma a mesa, e espera por Janete. Enquanto espera ela liga pra sua mãe, explica que está tudo bem, mas com muito serviço e que só poderá ir até lá, no domingo. Não entra em detalhes. D. Amália pede para ela e Claude irem almoçar lá no domingo. Tudo combinado.

Janete chega.

J: Amiga!!!! Que susto você deu na gente!  O que aconteceu?

R: Eu discuti com o Claude e sai de lá pra fugir da verdade. Porém, ela sempre encontra a gente. Aí, o carro ficou sem combustível, pneu furado, eu machuquei minha mão, tomei chuva... uma verdadeira novela...

J: Mas agora tá tudo bem, né? Vocês se entenderam. Quero dizer, vocês se entenderam mesmo, certo!?

R: Sim, Jane... A gente se entendeu... em todos  os sentidos, principalmente no  que você pensou!

Elas almoçam, conversam mais um pouco e Janete volta pra construtora.

Rosa lava e guarda tudo que usou. Sente-se cansada e senta no sofá repassando mentalmente tudo que lhe acontecera nas últimas horas...

O contrato, a discussão, a chuva, o carinho com que Claude cuidou dela, o cuidado que teve ao amá-la...

Eu não devia ter feito aquela criancice com ele... Deus, minha cabeça ainda dói... eu vou me desculpar com ele” – Pensa.

Ela começa a subir os degraus, mas o telefone toca e ela volta, esperando ser Claude, porém é uma voz desconhecida:

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R: Alô?

Desc.: Quem fala? É Dadi?   – Diz uma voz arrogante.

R: Não, é Rosa!

Desc.: Rosa? “Deve ser empregada nova” (pensa) - Eu quero falar com o Claude.

 R: Ele não está. Quem deseja?

Desc.: É Nara. Avisa pro seu patrão que eu to voltando pra buscar o que me pertence! - E desliga.

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 Rosa fica paralisada, sem reação, olhando pro telefone, por um momento.

Patrão? Essa Nara se acha... só pela voz já me deu ânsia. Bom, por enquanto, eu vou tomar um belo banho, que eu  mereço!”

 Ela entra no quarto e liga o som, com a música “deles”. Vai pro banho e fica imaginando como entrar nesse assunto com Claude: Nara!

Sai do banho, enrolada na toalha, absorta nesses pensamentos, senta e desaba na cama.
Sua mente quer pensar, mas seu corpo cansado vence essa batalha e ela acaba adormecendo enquanto a música se  repete...

Claude abre a porta, pensando...

Que almocinho mais demorado! Se eu soubesse, teria deixado o Frazon sozinho!”

Ele sobe as escadas, chamando por Rosa:

C: Rosa... “querida, cheguei!” – Diz imitando o desenho. Ele vai direto pro seu quarto, e a encontra, adormecida, só com a toalha em volta do corpo, em sua cama.

C: Mon Dieu... isso é tortura. É um convite ao prazer, maluquinha... Ainda mais com a nossa música, hã!...

Ele a observa, demoradamente. Então se aproxima e diz baixinho em seu ouvido:

C: Boa tarde, Bela Adormecida! – E encosta seus lábios nos dela, ao mesmo tempo em que sua barba roça na pele dela na intenção de acordá-la para o amor!

Rosa abre os olhos, sorri e diz, entrando na brincadeira dele:

R: Você se atrasou, meu príncipe encantado! Mais um pouco e eu jamais acordaria!

C: Enton,  precisamos pôr esse atraso em dia. Vem. - Ele segura Rosa, colocando-a em pé, ao seu alcance.

Um tempo depois, Rosa desperta e se vê sozinha na cama. Ela procura algo pra vestir e só o que encontra é a camisa de Claude. Ela desce pra cozinha, pensando em fazer algo para comer, mas se surpreende ao ver o francês na cozinha, tentando fazer a mesma coisa.

R: Quer ajuda, meu amor?

C: Non. Fiz meu prato especial, hã? Sanduíche!

R: Hummmm, não sei se é pela minha fome, mas o cheirinho tá muito bom. – Diz dando um selinho em Claude.

Eles comem o sanduíche enquanto conversam:

R: Claude e o meu carro? Só agora eu lembrei dele!

C: O Colibri e o Rodrigo, motorista da construtora já foram buscar. Non se preocupe.

R: E os representantes, como foi com eles?

Claude explica tudo à Rosa, que fica preocupada.

R: Mas, meu amor, apresentar o projeto para os americanos? Eu não falo inglês, nem o Gurgel!

C: Com certeza vai ter um intérprete, hã? E você pode decorar alguns clichês e soltar durante a exposiçon.

R: Então eu vou ensaiar com ele. Assim a gente não paga mico nem kong...

C: D´accord!

R: Éhhhh, Claude hoje eu atendi ao telefone e deixaram um recado pra você!

C: Um recado? Quem era?

R: Era a Nara!

Ele imediatamente fica sério.

C: Eu non acredito que ela teve coragem de ligar aqui!  E o que ela queria?

R: Apenas disse que vinha pegar o que era dela. Algo assim... Quem é Nara? – Pergunta mesmo sabendo a resposta que teria.

C: Chérie, eu preciso te contar uma coisa. Eu já devia ter contado mas non tive coragem. Vem cá... – E vão para o sofá.

R: Claude...

C: Xiiiii, escuta hã?  Eu também tenho uma história, Non   ton dolorosa como a sua, mas por incrível que seja, faz parte dela.. – E acaricia o rosto dela. – Há alguns anos atrás, eu tive um envolvimento com ela. Ela era filha do meu sócio, mas non queria ficar presa a ninguém e nem eu. Enton começamos a sair juntos. Mas era só sexo. Claro que tinha um tipo de afeto, mas non era amor... Nara é ambiciosa demais, e o que eu podia oferecer na época era pouco pra ela. O pai dela tinha outros negócios imobiliários. Ela deu um golpe no próprio pai e fugiu com um amante que ela tinha.

R: Eu sinto muito...

Non sinta” – Pensa Claude.

C: Ela fugiu do país, com todo o dinheiro que conseguiu levantar e non foi pouco, hã? O pai dela contratou o Coutinho pra tentar reverter a situaçon. Mas ele non conseguiu... O Egídio, pai de Nara, sofreu um AVC, non resistiu e faleceu. Foi assim que o Coutinho começou a trabalhar pra mim.  E durante a investigaçon nós acabamos descobrindo quem  era o  amante dela, a pessoa com quem ela fugiu. E aí que você entra na história, mon amour.

R: Não estou entendendo o que eu tenho a ver com isso. A gente se conhece há pouco tempo, alguns meses...

C: Rosa, eu sei que seria cômico, se non fosse trágico: a pessoa com quem ela fugiu foi o seu ex-noivo, o tal de Júlio Castelli. – Fala de uma só vez, pra não faltar coragem.

R: Que brincadeira é essa, Claude? Diz que você tá brincando, por favor!

E fica olhando pra ele, anestesiada. De repente ela começa a rir, descontroladamente, nervosamente, mas o riso transforma-se em lágrimas, lágrimas de desespero, de alívio, de raiva, tudo ao mesmo tempo.

C: Rosa... Rosa non... Que isso? – Ele a abraça e começa a chorar também, não suportando a dor que vê nos olhos dela, que se aconchega naquele abraço, – Ele non merece uma lágrima sua, mon amour... Nenhum deles merece!

R: Claude... diz que eu to tendo um pesadelo... um delírio, sei lá... – Diz entre soluços.

C: Como eu gostaria de poder dizer isso, Rosa!

Eles ficam em silêncio por um momento. Então Claude segura o rosto dela entre suas mãos, fazendo com que seus olhos se encontrem. Sem perceberem, um começa a secar as lágrimas do outro, delicadamente. De repente Rosa se levanta.

R: Claude... Agora eu  sei porque achei esse nome familiar. Naquela noite, que eu fui ao apartamento do Júlio, foi esse nome que ele falou enquanto... enquanto... Você sabe –Diz tristemente - E agora, se ela está voltando, é certo que ele também. Só espero não encontrá-lo nunca!

C: Ele que non se atreva a chegar perto de você! Mas imagina a cara deles quando descobrirem que nós estamos juntos, casados e que a gente se ama, hã? – Diz, tentando parecer engraçado.

Rosa esboça um sorriso, mas seus olhos e sua palidez a traem. Claude se levanta e a abraça.

C: Vem... Vamos subir... – E eles vão para o quarto.

Um comentário:

  1. Sônia, que legal esse capítulo! Estou esperando ansiosa a chegada dos americanos, acho que vai dar confusão! E a volta de Nara, também vai bagunçar a história, periga atrapalhar o casamento e os negócios dessa lindo casal! Gostei muito! Bjs.

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