CAPÍTULO
XIV - Sombras
Em New York...
Ju: Nara, eu preciso de mais dinheiro.
N: Mais dinheiro? Eu te dei cinco mil dólares há
uns poucos dias... Tá pensando que além de pagar suas dívidas de jogo, vou
sustentar suas saídas com outras mulheres também?
Ju: Você sempre soube que eu saía com outras. E
nunca se importou com isso. Deve ser porque você faz o mesmo, não é? – Diz
ironicamente.
N: Mas o dinheiro é meu... Eu me banco, coisa que
faz tempo, você não faz mais... Se acomodou, antes ainda dava uns golpezinhos
nas donzelas encantadas com você. Agora... só pensa em jogar...
Ju: Como você é boazinha, Nara. Quem não te conhece
e ouve você falar assim pensa que você é uma alma bondosa, que ajuda os
necessitados, usa o dinheiro pra o bem...
N: Eu uso ele para o bem... o “meu” bem! Mas estou
te avisando, não abusa de mim não que caio fora. Pretendentes é o que não me
falta!
Ju: Ta falando do tal advogado, que você comprou
também, quando roubou o seu pai?
N: Roubar? Que palavra mais feia, querido! Eu... digamos
apenas me dei o direito de antecipar o recebimento da minha herança... dinheiro
que era de minha mãe... e ele nunca me
deixou mexer... O Otávio apenas colaborou pra que eu não fosse pega a
tempo... me escondeu e conseguiu as passagens... você devia agradecer a ele também, senão não estaria aqui comigo!
Ju: Nossa,
agora é só “Otávio”... já ficou íntima assim? Você só pode estar armando outro
golpe!
N: Na hora certa você vai saber, pois vou precisar
da sua ajuda! Agora chega dessa conversa. Quanto é que você precisa?
Ju: Três mil dólares... E hoje eu sinto que vou
ganhar... eu tenho que ganhar!
De volta a São Paulo...
Claude e Rosa chegam em casa. Claude pega o jornal
pra ler, pois não teve tempo de manhã. Rosa vai até a cozinha, comer algo:
R: Boa noite, Dadi. Tem alguma coisinha pra eu
beliscar? To morrendo de fome...
D: Tem bolo, d. Rosa... Mas se a senhora quiser eu
preparo outra coisa, um lanche?
R: Não, bolo tá ótimo... Hummm tá uma
delícia...Dadi!
D: Receita de minha mãe...
R: Hummm receita de mãe é tudo de bom! Adoro!
Ela vai pra sala, com o prato cheio de bolo.
Senta-se ao lado do marido.
R: Amor, quer um pedaço de bolo? Tá uma delícia!
C: Non... agora non, chérie, deixa eu ler as
notícias primeiro. Mas fica aqui comigo, há?
Rosa fica ali, perto dele, observando-o enquanto
ele lê as notícias... A cada linha que lê, ele vai mudando sua expressão...
surpresa, incredulidade, tristeza, alegria... De repente ele para de ler, olha pra Rosa, seriamente.
R: Que foi? Atrapalhei você?
C: Non... você nunca me atrapalha! É que senti
falta da sua voz, aqui pertinho do meu ouvido. Você tá tão caladinha.
R: É que você tá lendo! Tão bonitinho te ver lendo, seus olhos vão
mudando, sua expressão... Eu nunca tinha reparado antes...
C: Tem muita coisa que a gente ainda não reparou um
do outro. A gente começou meio ao contrário. Se casou primeiro pra namorar
depois...
R: Tá arrependido?
C: Você está?
R: Eu perguntei primeiro...
C: Eu nunca vou me arrepender de você, chérie. Eu
só comecei a viver, depois que te conheci, quando fui ferido por um galho
espinhoso, quando te segurei pra não cair naquela escada. Depois disso eu nunca mais fui o mesmo. - E
acaricia o rosto dela.
R: Eu me perdi em você naquele beijo, na escada. Naquele
momento eu tive certeza que nunca mais minha vida seria a mesma. Como posso me
arrepender de te amar?
Claude a abraça e lhe dá um beijo demorado, ao
mesmo tempo delicado e suave e incrivelmente quente, sedutor.
C: Que tal a gente pegar um cineminha? Eu tava
vendo os filmes em cartaz. A gente podia assistir o filme do Selton Mello, O
Palhaço. Que você acha?
R: Eu ia adorar...
C: Deixa eu confirmar a hora da sesson... Mas que
notinha é essa aqui...? Olha só... a Robertinha tá vindo gravar no Brasil...e
nem me avisou!
R: Quem?
C: A Roberta.
A atriz Roberta Vermont. A gente se conheceu lá na França, uns anos
atrás...
R: Ah sei... entendo!
C: Non entende non... Você já ta pensando que
eu tive alguma coisa com ela...
R: E não teve? Falou assim com tanta intimidade
dela...
C: Serafina Rosa Petroni Geraldy... – enfatiza o Geraldy – Eu conheço a Roberta,
porque ela foi casada com um empresário amigo de meu pai, há muitos anos atrás
e somos apenas bons amigos... Você vai conhecê-la e tirar suas dúvidas, d`acord?
R: Ok, Claude... eu não quero estragar nosso
cinema. Tá valendo ainda, não?
C: Sim... mas sabe, adoro ver sua carinha quando fica
assim com ciúmes de mim... - Diz chegando perto dela, que tinha se afastado, e
estava olhando pra água da piscina...
R: Eu, com ciúmes de você?
C: A- há... - E a abraça demoradamente.
R: É melhor a gente se afastar daqui. Até porque a
Dadi tá na cozinha!
Ele dá um selinho nela.
C: Tem razon... Essa piscina é muito “atrativa”. Vamos na
sesson das vinte e duas horas...
Assim dá tempo da gente tomar um banho, oui?
R: Claro... Eu vou primeiro. E sozinha.
No cinema...
Claude compra os ingressos, e antes de entrar na
sala de exibição, ele resolve comprar pipoca, chocolate, água...
R: Claude, pára com isso... tá parecendo criança!
Tá todo mundo olhando prá gente...
C: Que issi, chérie! Eu tenho direito de comprar
pipoca pra minha namorada, non tenho?
R: Ah! Agora eu sou sua namorada...
C: Agora, non... Hoje... Esta noite... e todas as
noites da minha vida, hã? – E dá um selinho nela, quase derrubando tudo que
carregava.
R: Deixa que eu
te ajudar senão o “mico” vai ser maior, hã? – Diz imitando a expressão
dele.
Ele sorri pra ela, pega em sua mão e praticamente a
puxa pra sala de exibição.
Rosa bem tentou se concentrar na história do filme,
mas Claude estava mais interessado em Rosa do que no filme.
C: Chérie, vamos namorar um pouquinho, hã?
R: Claude, a gente pulou esta fase! Já estamos
casados.
C: Por isso – Dizia baixinho, bem ao “pé do ouvido”
dela, fazendo Rosa estremecer sob o contato da barba por fazer...
R: Pára, Claude... eu quero ver o filme...
C: Só um beijinho... com gostinho de pipoca... - Ela vai dizer que não, mas Claude mais
rápido, segura-lhe o rosto entre suas mãos e sua boca toma a de Rosa, que sem
resistir, se entrega ao beijo, voluptuosamente.
Alguns adolescentes que estavam sentados, num
grupo, atrás deles, começam a bater palmas, assoviar, fazer o maior barulho...
G: Aí! Eu também quero beijinho!... Gatinha me dá um
beijinho!...
Claude se vira pra eles:
C: Que isso!!!!???? Seus pais non deram educaçon
pra vocês non? Nunca beijaram non? Deviam
experimentar... com suas namoradas.... – Se volta pra Rosa e completa a frase...
É muito bom beijar a pessoa que a gente ama!
R: Claude! Meu Deus... que bicho te picou
hem!? Daqui a pouco vão pedir pra gente
sair... e não vai ser com amor não!
O grupo de adolescentes responde:
G: Calma aí “tio”, a gente tava zoando na boa! Foi mal!!! Desculpa!!!!!!
C: Rosa, eles eston me chamando de “tio”!?
R: Estão! É assim que eles chamam os mais “velhos”!
(rsrsrsrsrsrsrsrsrrsrsrsrsrsr)
C: Ah mas eu vou...
R: Você não vai nada!... Fica quietinho aqui
comigo. Vem cá... - Diz pegando o braço dele e passando por trás de seus ombros
– Se você quer me namorar, começa me abraçando... e esquece eles...
Nos Estados Unidos – Nova York
Júlio entra no apartamento. Procura não fazer
barulho, pois não seria bom que Nara o visse neste estado: rosto todo marcado
pelos socos que levara, roupas desalinhadas, e o pior sem nenhum tostão no
bolso.
“Ai!... Que droga! Eu tava ganhando... tava
ganhando... aquela vagabunda me distraiu pra eu perder a última rodada... Agora
eu me compliquei de vez... Ai!... Isso dói. A Nara não vai querer mais me
ajudar... tenho que arrumar essa grana de outro jeito... ou voltar pro Brasil,
antes que eles me achem... Brasil... eu ainda tenho um trunfo por lá! Belezinha!”
- Pensa com um estranho brilho no olhar.
Júlio entra no banheiro se livra das roupas, abre o
chuveiro e deixa a água fria cair pelos machucados...
“Eu tenho que ligar pro tal Coutinho... só
ele pode me ajudar nesse trunfo”
Ele pega o celular de Nara, encontra o número do
celular de Coutinho e faz a ligação.
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Co: Nara... que surpresa! Me ligando a essa hora...
Ju: Não é Nara. É o marido dela.
Co: Ahh... Júlio!
haannnn Perdão, eu já estava estranhando ser a Nara a essa hora.
Ju: Sei. Mas no momento eu estou precisando dos
seus serviços aí no Brasil... Eu tenho um acerto pra fazer por aí, que envolve
muito dinheiro e meu nome não pode aparecer por enquanto... É ai que você
entra... topa?
Co: Bem, e quanto eu levo na brincadeira?
Ju: Trinta por cento! Mas a Nara não pode saber por
enquanto.
Co: Fechado! O que você quer que eu faça?
Ju: Bom pra começo você tem que procurar em
cartório um documento em nome de... blá...
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De volta ao Brasil – SP
O filme chega ao fim.
Claude segura a mão de Rosa, entrelaçando seus
dedos aos dela, enquanto caminham para o estacionamento.
C: Você está com fome, chérie? Que jantar em algum
lugar?
R; Até que não. Aquela pipoca toda, agora não tenho
fome.
C: Um sorvete?
R: Não... nada. Só ter você assim perto de mim,
segurando minha mão, me paparicando, isso é muito bom!
C: É muito bom mesmo, hã? _ Ele a abraça,
envolvendo todo o corpo dela... enquanto diz nem sussurro - Eu to tendo uma
idéia, se você concordar a gente pode fechar a noite com chave de ouro,
namorando num lugar... diferente!
R: Você não tá pensando que eu vou “namorar” com
você num estacionamento, está??!?!?!
C: Non, mon amour! Eu tava pensando em outro lugar
mais aconchegante, preparado... Feito pra isso, hã?
R: Preparado pra isso? Você está pensando em me
levar pra um Motel!!!!!!!!!!!!!!? – Diz se fazendo de ofendida.
C: Calma, hã? Foi só uma sujeston... Se você non
quer ir a gente non vai. Eu jamais te levaria contra sua vontade... – Diz sério.
R: Eu não disse que não quero ir...
C: Enton eu posso ter alguma esperança? E a olha
com aquela carinha de cão sem dono.
R: Claude, Claude... Você derruba meus muros me
olhando assim, sabia? Minha resistência vai à zero... Só não quero que você
pense que sou qualquer uma... que “fica” com o namorado na primeira vez que sai
com ele pro cinema... - Rosa finge estar
indecisa.
C: Eu nunca pensaria isso de você, chérie! Até porque, non é nossa primeira vez, de
namorar, hã?- Dá uma piscada de olho pra ela – A gente já namorou no parque,
lembra?
R: E como eu iria esquecer? Você me levou pra conhecer o seu refúgio.
Isso é coisa séria. De namoro “firme”, assim pra casar...
C: Bom, se você for uma boa menina, boa namorada,
nesta noite... Eu me caso com você!
R: Hummmm, você está quase me convencendo! Acho que
se você pedir com mais jeitinho eu não resisto
Claude beija seu pescoço, subindo com sua boca até encostar
em seu ouvido e murmurar:
C: Vem comigo, sem medo de ser feliz!
R: Eu vou... sem medo... você sempre... sempre me
faz feliz....
Eles chegam ao seu destino. Claude abraça Rosa e
eles caminham rumo ao quarto. Apesar de ter certeza de que quer isto, Rosa está
apreensiva, seus passos são lentos.
Claude abre a porta do quarto e entra. Rosa fica
parada, se sentindo estranha...
Claude se volta, dá um sorriso pra ela e diz:
C: Vem... – E estende sua mão para Rosa, que segura
imediatamente e entra. Ela se depara com um quarto todo decorado em vermelho e
branco. Uma cama enorme, coberta de pétalas de rosas vermelhas, em forma de
coração e um balde com champagne em meio ao gelo.
C: Você está gelada! – Ele segura as duas mãos
dela, a olha e continua - Rosa... chérie... Eu non sou o lobo mau, hã? Eu quero
apenas ter uma noite diferente contigo ou melhor dizendo, eu quero dar pra você
uma noite diferente, com magia, seduçon romance... amor e prazer... tudo que
você sonhou e desejou...
Rosa se joga de encontro ao peito de Claude:
C: Rosa eu já te disse isso, mas vou repetir: a
gente se casou assim, sem planejar, por causa de um documento, mas isso non
diminui o amor que eu sinto por você! Nem o respeito, a admiraçon... e muito
menos o desejo!
R: Eu sou uma boba mesmo... Você deve me achar
muito boba. Mas eu nunca estive num
Motel antes. Eu cresci ouvindo que esse não é lugar de moça decente e a gente
não gosta daquilo que não conhece Mas eu gosto do que vejo!
C: Você non é boba! Só fica “bobinha” quando eu te
beijo, hã? – Diz, tentando aliviar a tensão e já usando suas mãos para
acariciar as costas dela, que estremece.
R: Minha razão me diz pra sair, ir embora, mas meu
corpo quer desesperadamente que eu fique! E oferece sua boca a ele, que sem pressa
a toma para si, num beijo avassalador.
Ele interrompe o beijo:
C: Devagar, chérie... A gente tem todo o tempo do
mundo por aqui, hã? – diz com a voz rouca de desejo.
Sônia tão lindo esse casal, engraçado e romântico! Mas tenho um mau pressentimento com Nara e Júlio, acho que vão incomodar muito! Mas espero estar enganada rsrs. Está muito gostoso de ler, amei! Bjs.
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