terça-feira, 14 de agosto de 2012

FIC - À PRIMEIRA VISTA - CAPÍTULO 13 - AUTORA: SÔNIA FINARDI

Capítulo XIII - Borboletas

Frazão, Janete e Claude assistem o “ensaio” de Rosa e Gurgel. Ao final da apresentação, eles aplaudem e assoviam:

J: Uh huuuuu! Rosa! Rosa! Gu-ú!Gu-ú!

F: Ma-ra-vi-lho-so! Vocês vão arrasar!

C: Se eu não soubesse, diria que você faz isso todo dia... Tá muito bom... natural... non tem nada forçado... Nem parece que você decorou o que vai falar. Perfeito, chérie!!!!

R: Meu amor, a gente podia fazer um jantar em casa, hoje, que você acha? – Diz abraçando o marido.

C: Boa idéia... Assim a gente joga um pouco de conversa fora, como vocês falam!

R: Então vou ligar pra Dadi, avisando. Vocês aceitam não é? Jane, Frazão, Gurgel?

G: Eu também? Claro que aceito, né amiga?

R: Então vou chamar a Silvia também... assim ficamos três casais...

C: Quase três... – Fala Claude, só para Rosa que não se contém e sorri.

As horas passam, rapidamente. Mais tarde, no apartamento de Claude e Rosa:

R: Dadi, tem certeza que não quer ajuda?

D: Que isso D. Rosa! Eu dou conta de tudo visse? Já está tudo adiantado...

R: Bom então eu vou tomar um banho e descansar um pouco. Você não precisa ficar pra servir não Dadi. Se quiser sair, pode ir, sem culpas. O pessoal é de casa, como diria minha mãe!

D: Então já que a senhora tá me dispensando eu vou ao cinema com uma amiga. Mas não precisa arrumar nada que amanhã bem cedo eu limpo tudo!

Rosa sobe e encontra Claude deitado, só de calção do pijama, lendo um livro, que ela trouxera da sua casa. Ela põe a banheira pra encher.

C: Esse livro parece bom mesmo, hã? Non consigo parar de ler... – Ele fecha o livro e lê o nome da capa: A Cabana, de William Young.

R: Eu comecei a ler um pouco antes de te conhecer... eu tinha mais tempo “livre”, se é que você me entende.

Rosa o puxa pra si, beijando-o com um desejo intenso. Claude corresponde com a mesma intensidade...


Mais tarde, eles descem do quarto. Dadi avisa que tudo está arrumado e Rosa a dispensa.

Frazão e Janete chegam primeiro. Silvia e Gurgel uns quinze minutos depois.

G: Desculpa, Rosa eu me perdi... - E entrega um souvenir pra ela.

R: Oh Gurgel! Não precisava... – Diz abrindo o pacote. - Olha só Claude! Uma caixa de bombons personalizados: tem ursinho, carrinho, coraçãozinho até rosinha! Que amor... Adorei!

Claude serve uma bebida a todos. Eles conversam um pouco. Rosa os chama para jantar. Eles comem, falam sobre o projeto das casas, contam piadas, se divertem boa parte do tempo.

Rosa serve um café pra encerrar o jantar, pois os quatro convidados querem ir pra balada. Eles se despedem e Claude os acompanha atá a porta. Rosa fica um pouco atrás, com Silvia e Janete. Nesse momento o celular de Claude toca. Ele se afasta, olha, vê restrito e não atende.

Frazão que o seguia com o olhar pergunta sem perceber que Rosa já está atrás dele:

F: Nara de novo?

C: Frazon!... - Diz virando os olhos...

R: De novo? Ela te ligou e você não me disse nada, Claude? Você não ia me contar não é? Eu vou subir, me desculpem, por favor! – E vai para o quarto.

Silvia, Gurgel e Janete vão para o elevador.

C: Muito obrigado Frazon...Você se superou dessa vez!

F: Foi mal, francês... eu vou lá falar com ela...

C: Non! Você já falou demais hoje, hã? Eu me entendo com ela...

F: Claude, de coração... me desculpa eu não vi  a Rosa atrás de mim... Boa noite!

Claude pára no meio da sala, tentando ensaiar como começar a falar com Rosa. Ele vê a caixa de bombons e tem uma idéia!

Claude sobe a escada. Levando consigo uma garrafa de vinho e os bombons.

Entra no quarto, Rosa já está deitada, com aquele pijama que ele tão bem conhece.

C: Chérie... eu trouxe o vinho e os bombons pra gente  encerrar a noite, hã?

Ela se vira pro outro lado.

C: Mon amour... escuta...eu non te disse nada, porque non queria ver você  assim tristinha, hã? Non queria te preocupar...

Rosa não diz nada.

C: Ela ligou lá na construtora... disse o mesmo que falou pra você, oui?

Rosa novamente não responde. Ele deixa a garrafa e os bombons em cima de um móvel e segue em direção à porta, se volta olha pra ela e diz novamente:

C: Rosa... fala alguma coisa! Mon Dieu! Fica brava... grita comigo... mas não me ignore por favor – diz num soluço e sai voltando pra sala.

“Maldita Nara! Mesmo sem estar presente, consegue me atingir” – Pensa Claude, sozinho na sala, com os olhos úmidos.

Rosa, por sua vez, tentava chegar a uma conclusão.

“Será que eu me precipitei, de novo? Ele nunca me deu motivos pra duvidar dele. Sempre foi tão paciente, tão carinhoso! Talvez ele quisesse me proteger mesmo... foi o que ele disse! Sua pazza! Maluca mesmo, como ele diz! Eu vou lá falar com ele, pedir desculpas...”

Ela vai descer a escada sem fazer barulho, e vê que ele está no sofá, com a cabeça entre as mãos. Ela volta ao quarto, pega o vinho e os bombons.



R: Claude...

Ele não responde nem olha pra ela. Ela respira fundo e senta ao lado dele.

R: Claude... eu sinto muito... eu sou assim mesmo... enfio os pés pelas mãos, lembra?

Ele não se move.

R: Então tá! Você não quer mais me ouvir. Mas eu vou ficar aqui... até você me olhar e me ouvir... vou ficar falando, falando... já sei vou cantar.... e começa a cantar desafinado...

Ele não se contém, olha pra ela, bem nos seus olhos e diz:

C: Você abala meus alicerces... Eu  ia te contar, mas non hoje...non depois daquele  banho, hã?

R: Então você me desculpa? E pula no colo dele, passando seus braços por seu pescoço.

C: D´accord. Te dou meu pardon,  mas Rosa...

R: Sim? – Diz olhando pra ele.

C: Non faz mais isso, hã?...

R: O que? Sentar no seu colo?

C: Estragar essa música ton lindinha!  - E se serve de um beijo dela.

Eles ficam ali, sentados por um tempo.

C: Você trouxe o vinho... e os bombons... vamos comemorar....com bombom, nosso confidente, hã?

Ele serve vinho em apenas uma taça.  Toma um pouco e oferece a ela.

Ela toma o vinho, enquanto pega um bombom da caixa e morde.

R: Você quer? Vem pegar... e sai correndo em volta do sofá, como uma criança...

C: Ah é assim...? Eu fui campeon de corrida, dos 100 metros, hã? – E sai correndo atrás dela, que dá um olé nele, pára em frente da “piscina” decorativa e fica falando:

R: Você não me pega! Não me pega! Vai ficar sem bombom...

Ele se aproxima dela e tenta tirar o bombom de suas mãos. Mas Rosa se desequilibra e na tentativa de se segurar em Claude, ambos caem na água fria... Rosa fica por baixo dele, com seu pijama colado no corpo, o que não passa em branco para Claude:

C: Você tá uma gracinha, sabia? – Diz esquecendo o motivo do tombo e dando um beijo em Rosa... até  ouvir:

D: Dr. Claudes!  D. Rosa! 

R&C: Non é nada disso que você ta pensando, Dadi!

D: D. Rosa, eu não to pensando nada... to vendo....e  queria não ter visto visse!?  Me desculpem... cheguei agora do cinema e vim apagar as luzes que estão acesas...

R: Claude! Faz alguma coisa!... Me tira daqui! Ai que vergonha, meu Deus!

C: Ohh Dadi, você tá exagerando, hã? Nós não fizemos nada non!

Dadi pensa: “Não fizeram por que eu cheguei...”

C: A culpa é da Rosa!

R: Ah! A culpa é minha?!

C: Claro! Essa maluquinha, Dadi, non queria me dar o bombom e saiu correndo. Enton eu fui atrás dela, ela se desequilibrou e tentou se segurar em mim e caímos juntos. Só que aí eu resolvi dar um beijinho nela e você apareceu... Non foi nada do que você tava pensando...

D: Ahhhhh.. foi só isso mesmo? Que pena! Eu achei tão romântico. 

C: Éhhh  foi muito romântico... “até você entrar” – pensa Claude. - Dadi,  pega umas toalhas pra gente, por favor....a Rosa já ta tremendo de frio.

Dadi traz as toalhas, Rosa se enrola em uma delas e sobe para o quarto. Claude a segue.

R: Claude, como eu vou encarar a Dadi agora? Ela tá pensando que a gente ia.... ia... bom você sabe o que, lá na piscininha?! Eu to morrendo de vergonha!

C: Que isso, chérie. Vergonha de quê? Ela non viu nada demais, a gente tava só se beijando! E vamos rir muito dessa história ainda!

R: Sei... mas é constrangedor.... eu fico sem jeito...

Ele a abraça por trás e diz:

C: Ela achou até romântico, você non ouviu ela falar? Se bem que se ela non tivesse aparecido... eu non sei non... você ia ver o que é “romantismo” – Diz com a voz  rouca e passeando por seu pescoço com aquela barba por fazer...

R: Eu vou tomar outro banho... sozinha. E você vai lá ajudar a Dadi a secar aquilo... vai... vai...

Claude revira os olhos:

C: D´accord... eu vou...  mas eu volto, hã?

Claude demora uma meia hora até secar completamente o chão, onde a água caíra. Mesmo com Dadi ajudando e dizendo que podia fazer isso sozinha.

C: Bom, tudo resolvido. Vamos dormir, hã? Boa noite, Dadi!

D: Boa noite, Dr. Claudes!

Claude sobe a escada, com “aquela” intenção, mas ao chegar ao quarto, Rosa já está dormindo. Ele então toma um banho rápido, se veste, e deita-se ao lado dela, puxando-a para bem junto de si.

Na manhã seguinte, Rosa desce antes de Claude, pra falar com Dadi.

R: Dadi, bom dia! Eu quero me desculpar por ontem.

D: Bom dia, D. Rosa!  Eu que tenho que me desculpar, visse! Vocês são casados, e mesmo que não fossem, estão na sua casa... Não é da minha conta o que fazem ou deixam de fazer... É que eu me assustei,com a situação...

R: É... pensando agora... foi engraçado mesmo né?

D: Eu achei mesmo que foi romântico... mas, vou lhe dizer uma coisa D.Rosa: eu nunca tinha visto Dr. Claudes assim, tão à vontade, tão feliz com alguém... Ele é sempre tão fechado... ou era...

R: Que bom, Dadi... porque eu também nunca fui tão feliz!

C: Bom dia, Dadi! O que você fez de bom pro café? Eu to morrendo de fome!

Eles tomam o café da manhã e vão pra construtora.

Rosa e Gurgel trabalham um pouco na restauração da casa de Claude, procurando  quais frutas são melhores pro pomar, que flores são adequadas, móveis que Claude quer trocar, cor de parede, etc.

Janete cuida da parte das vendas das casas, junto aos bancos e imobiliárias. Frazão e Claude analisam os pré-contratos, com os americanos, lendo com atenção todas as cláusulas.

De repente, Silvia no interfone:

S: Dr. Claudes, telefone pro Senhor.

C: Quem é, Silvia? - Temendo ser Nara.

S: É Henrique, um dos representantes dos americanos.

C: Pode passar a ligaçon, Silvia.

H: Bom dia, Dr. Claude!

C: Bom dia... é Henrique, non é isso?

H: Isso mesmo. Eu estou ligando pra avisar que os Smith`s chegarão em dois dias. Eles querem acompanhar a preparação da recepção pessoalmente. Eu não disse que eles não são fáceis?  Pensei que gostaria de um encontro com eles antes da recepção.

C: Seria ótimo! Você pode resolver isso e me avisa. Pode ser um jantar ou um almoço, onde vocês acharem melhor. Pode incluir de minha parte mais umas três ou quatro pessoas.

H: Perfeito. Eu vou providenciar e aviso a vocês. Abraço.

C: Frazon, os americanos chegam em dois dias. E vamos nos encontrar antes da recepçon.

F: Muito bom isso, Claude. Quem sabe assim a Rosa e o Gurgel ficam um pouco mais tranqüilos. E falando em Rosa, como ficou a história da Nara, ontem?

C: Non ficou Frazon... a Rosa pensa que eu sinto algo pela Nara ainda. A gente se entendeu, mas eu percebi  que ela ficou preocupada, com medo mesmo...

F: A Rosa te ama muito, meu caro! É natural que ela tenha ciúmes... ou você acha que ela não sabe que você era um “pegador” até conhecê-la?

C: Pegador? Eu? Perto de você eu era um santo, Frazon! Você desfilava com uma mulher por noite!

F: Pois é... E não é que agora eu só quero a Janete?

C: E eu, só a Rosa, oui? E vamos continuar lendo esses contratos, hã?

O dia passa, a noite chega.

Claude e Rosa estão voltando pra casa. No carro segue o diálogo:

R: Claude você precisa ir até a sua casa, pra gente decidir o espaço que vai ser do pomar, e outras coisinhas mais... quando podemos ir?

C: Que tal sábado, chérie? A gente vai sem pressa pra voltar...

R: Perfeito. E no domingo a gente podia ir até o seu “refúgio”, que tal? Passear, tomar um sorvete de chocolate, comer bombom... namorar... olhar o pôr do sol... sem medo de ser feliz.

C: Hummmm ótima idéia ... sem medo de ser feliz... Rosa, se você non existisse, eu ia ter que te inventar... Já disse hoje que te amo demais?

R: Hoje? Só de manhãzinha... Já faz tanto tempo!

Nesse instante o sinal fica vermelho, ele pára, encosta sua boca em seu ouvido e diz, só assim:

C: Eu vou fazer você lembrar, mais tarde!

Um comentário:

  1. Sônia tudo vai indo muito bem, apesar de umas ceninhas de ciúme de vez em quando. Mas Nara é uma ameaça séria, estou preocupada rsrsrs. Ri muito com essa cena de Claude e Rosa caindo na piscina decorativa, super engraçada! Muito bom! Bjs

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