Roberta e Alabá entram na sala.
C: Robertinha, minha querida, seja bem vinda a São
Paulo! - Diz cumprimentando ela, com um
beijo em sua mão. - Alabá! Quanto tempo... vocês continuam lindas!
Rob: Claude, querido! Quanto tempo digo eu! Você abandonou a
França, fugindo aqui pro Brasil.
C: Foi a melhor fuga de minha vida, mon amie! Eu
quero te apresentar Rosa Geraldy, minha esposa! – diz abraçando Rosa.
Rob: Muito prazer, Rosa! Encantada!
R: O prazer é meu.
Al: Muito prazer, Rosa!
R: Vamos nos sentar. Vocês bebem alguma coisa?
Café, água, chá ou outra bebida?
Rob: Um suco cairia bem, com esse calor, não é
Alabá?
Al: Sim, muito bem!
Rosa pede que Silvia providencie o suco e um café.
C: Enton, Roberta, que virada foi essa de gravar
aqui no Brasil? Você nem nos avisou. Eu fiquei sabendo por uma notinha num
jornal, hã?
Rob: É, foi de repente mesmo, Claude. O Hugo,
diretor do longa me convidou pra esse filme. É uma história muito boa, não
podia recusar esse papel, ainda mais se passando aqui, no Brasil.
Al: Vamos procurar locações, para algumas cenas,
que serão rodadas por aqui. A história começa por aqui e termina entre França e
Espanha.
R: Nossa, deve ser muita correria, essa vida de
artista de vocês. Eu admiro como vocês conseguem conciliar tantos compromissos!
C: Mas chérie, você também é uma artista, hã? Rosa
é arquiteta, especialista em paisagismo e restauraçon, meninas! Eu a conheci
assim. Ela está por trás da restauraçon de minha casa. Aquela casa que minha
mãe amava, Roberta. E também das construções das casas populares, aquele meu
sonho antigo.
Rob: Então você conseguiu realizar seu sonho,
querido! Fico muito feliz.
C: É, eu realizei muitos sonhos e outros eu estou
sonhando agora! – Diz olhando Rosa com paixão.
Rob: Hummm eu to percebendo... rsrsrs. Claude, acabei
de ter uma idéia: você não cederia essa casa pras nossas locações? Ela seria
perfeita, ainda mais estando em reforma, você não concorda Alabá?
Al: Eu não conheço o lugar, mas se você acha que é
bom...
Rob: Bom não. É perfeito! Então, Claude posso falar
com o Hugo?
C: Non sei... o que você acha, Rosa? Non
atrapalharia seus serviços, por lá?
R: Eu creio que não. A gente pode reorganizar o
cronograma para os dias que forem usá-la. Por mim, tudo bem...
Al: E quando a gente pode ir até lá pra fazer o
reconhecimento, ver luz, esquemas...?
C: Bem, que tal se elas fossem conosco no sábado,
mon amour?
R: É uma boa idéia. – Diz Rosa, um tanto
decepcionada, pois esperava passar o dia só com Claude.
Rob: Perfeito. Sábado o Hugo já estará aqui também.
Bem nós já vamos. Viemos direto do aeroporto . Passamos mesmo só pra dizer
“oi.”
Elas se levantam para sair. Claude e Rosa as
acompanham até a porta, que se abre de repente, com Frazão e Janete, sorrindo
um para o outro. No instante em que o olhar dos três – Janete, Alabá e Frazão -
se cruza, o sorriso dá lugar a uma sensação de incômodo.
Claude pensa ‘”Hummm, isso non vai prestar!”
Rob: Que bom te ver também, Frazão! Quanto tempo
hem?!
F: É, muito tempo mesmo, Roberta. Como tem passado?
Alabá, como vai?
Al: É... bem, eu acho!
F: Que bom!
Deixa apresentar pra vocês, Janete Medeiros, Diretora Financeira aqui e
minha noiva!
Rob: O quê???!! Você também vai casar? Isso é uma
epidemia! Rsrsrsrsrsr
Al: Parabéns, Frazão, eu fico feliz por você! E
prazer em conhecê-la, Janete! – Diz Alabá, com voz trêmula.
J: Igualmente...
Fica um silêncio desagradável, Roberta tentando amenizar
o clima diz:
Rob: A gente precisa pôr a conversa em dia meus
caros, que tal uma reuniãozinha, qualquer noite dessas?
C: Oui, Roberta, a gente se fala e combina, hã? – E
eles vão saindo, passando pela recepção.
Rob: Que ótimo! Rosa, adorei você... precisamos
conversar mais...
R: Obrigada, Roberta... também simpatizei contigo.
Rob: Olha só! Ela já pegou o jeitinho do Claude
falar! Rsrsrsrsrsrs
Eles esperam o elevador chegar, e quando ele se
abre Antoninho sai dele, muito pálido, nervoso.
Ant: Bom dia a todos... pelo menos eu espero que
seja! – Ele nem repara em Roberta.
R: Antoninho?! Aconteceu alguma coisa com meus
pais?
Ant: Serafina, eu preciso falar com você. É
urgente.
R: Claro, mas antes deixa eu te apresentar: Roberta
Vermont e sua assistente Alabá.
Ant: Meu Deus, desculpem minha falta de educação!
Muito prazer! – Diz cumprimentando as duas. – Eu sou seu fã! Adoro seus filmes
– Continua, sem tirar os olhos de Alabá.
Rob: Que bom, já tenho uma pequena platéia para o
próximo, então! Vamos, Alabá?
As duas entram no elevador. Frazão e Janete voltam
pra sala dela.
R: Antoninho, o que aconteceu? Você está muito pálido!
Ant: É... tem algum lugar pra gente conversar em
particular?
R: Claro... podemos ir pra sua sala, Claude?
C: Claro, Rosa...Será que eu posso participar dessa
conversinha, hã? – Diz, enciumado.
Ant: Não só pode, como deve...
Eles caminham em direção à sala de Claude.
Já na sala, Claude, Rosa e Antoninho se dirigem à
mesa de reuniões.
R: Você quer um café ou água?
Ant: Não... Eu prefiro falar logo, só não sei por
onde começar.
R: É sobre a sala que você me cede? Eu prometo que
esta semana eu desocupo ela.
C: Calma, chérie, deixa ele falar!
Ant: Não é isso, Serafina. A sala sempre foi sua,
está à sua disposição. É que... Você se lembra, eu tenho um amigo tabelião, o
Marcos lembra dele?
R: Sim, me lembro. É o dono do cartório onde estão
os documentos do casarão, a escritura, o testamento, não é?
Claude só ouvia com atenção, imaginando mais um
“rival” em potencial...
“Mon Dieu... Colibri. Antoninho. Gurgel... non
esse non!... Agora, Marcos!?”
Ant: Pois é. Ele me telefonou agora cedo, porque
conhece a história toda, do testamento e me informou que alguém foi até lá e
pediu muitas informações sobre o caso, alegando ser de parte interessada em
contestar o testamento e requerer reintegração de posse da propriedade.
R: Parte interessada, mas como assim? Os italianos,
antigos donos, tiveram um filho só, que voltou pra Itália, e morreu por lá! Não
havia outros herdeiros...
Ant: Não que nós soubéssemos! Eu andei fazendo uns
contatos, investigando e descobri o nome do advogado que pediu vistas, às
cópias dos processos. O nome dele é... Deixa eu achar aqui nas anotações que eu
fiz... Ah! Achei... Otávio Coutinho... Você sabe quem é, conhece?
Claude que até então só escutava, levanta-se
atordoado e diz exaltado:
C: Que brincadeira é essa? O que o crápula do Coutinho
tem a ver com tudo isso?
R: Claude, é o mesmo Coutinho, que te enganou?
C: O nome é o mesmo... pelo visto as táticas
também, só pode ser o mesmo! Aquele trambiqueiro!
R: Mas quem é o interessado? Alguém que veio da
Itália, um parente afastado?
Ant: Não sabemos, o advogado está com uma
procuração, mas conseguiu segredo de justiça. Mas eu também tenho meus
contatos. Eu vou saber que é o requerente. É só questão de horas.
C: E o que podemos fazer, diante desta situaçon?
Ant: Assim que os pais de Serafina receberem a
intimação, nós faremos a defesa e a justificativa perante o juiz. Isso é um
processo longo...
R: Você já falou com meus pais?
Ant: Não. Achei melhor falar com você primeiro.
C: Fez muito bem, hã? Seu Giovanni e D. Amália non
merecem passar por isso a essa altura de suas vidas. E, Antoninho, se você
precisar de ajuda, contate o Freitas, meu advogado, ele tem amigos
influentes... Seria bom mesmo se você trocasse idéias com ele...
Ant: Eu agradeço, Claude. Preciso mesmo de alguém
mais experiente, algumas coisas a gente só consegue mediante “QI”. Serafina, não
fique assim... Vai ser muito difícil essa pessoa conseguir isso. Ela vai ter que
provar uma série de fatos.
R: Mas vai ser um transtorno para os meus pais, nem
quero pensar no sofrimento deles!
C: Rosa, eles non vão estar sozinhos, hã? Todos nós
estaremos ao lado deles.
R: Eu sei... obrigada meu amor! – Diz com lágrimas
nos olhos.
Ant: Bem, eu já vou. Qualquer novidade eu falo com
você, a qualquer hora.
R: Eu acompanho você...
Ant: Não precisa, Serafina! Melhor você se refazer
da notícia. Até. – E dá um abraço nela, saindo da sala em seguida.
Claude percebe o quanto Rosa se abala pela notícia.
Ele quer confortá-la, mas não sabe bem o que fazer.
C: Chérie?
R: Ah! Claude! Quando os problemas vão me
abandonar, hem? E se lança a ele, procurando abrigo naqueles braços tão
conhecidos.
C: Calma... Eu estou contigo! Non gosto de te ver ton triste assim, hã?
Rosa começa a soluçar, temendo pelos seus pais.
Claude a leva até um sofá, onde se ajeitam, e Rosa descansa sua cabeça sob o peito
do francês, que acaricia seus cabelos, com beijos e afagos de suas mãos... Até
que ela se acalme.
C: Rosa... posso te fazer uma pergunta?
R: Pode... mas eu não tenho idéia de quem seja...
C: Non é isso... O que ele quis dizer com
“conseguir as coisas mediante QI?” Isso
non é pra medir a inteligência, non?
R: Ah, Claude! Só você pra me fazer rir, nessa
hora! O “QI” que ele quis dizer é Quem Indique”! rsrsrsrsrsr
C: Ah! Mais uma expresson genuinamente brasileira,
hã? Rsrsrsrsrsrsrsrrsrssr
Sõnia, sinto que aí tem o dedo de Júlio e Nara, esses dois vão incomodar! Gostei muito desse capítulo, estou prevendo muitas cenas de ciúme, com a chegada de Roberta e Alabá! Legal!
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