CAPÍTULO
XXVIII – NOTÍCIAS 3
Rosa
deixa a sala do médico. Janete a
esperava na recepção.
J:
Nossa, Rosa! Que demora! Tá tudo bem? Eu já estava preocupada...
Mas
Rosa não responde de imediato. Parece em outro mundo...
J:
Rosa! Rosa! Não está se sentindo bem? Vem senta um pouco aqui. E Rosa se deixa
levar por Janete.
R:
Eu estou bem Janete... rsrsrs Nós estamos muito bem!
J:
Nós? Então eu estava certa, amiga? Você está grávida!
R:
Eu estou Janete! – De gêmeos! – Diz toda sorrisos...
J:
O que? Gêmeos? Esse francês não estava de brincadeira, quando disse que queria
ter um filho! Foi logo fazendo dois! Parabéns, amiga!!!!! - Janete abraça Rosa!
R:
Obrigada Janete! Mas você vai manter isso em segredo! Nada de contar para o
Frazão, hem?!
J:
Pode confiar, Rosa. Eu não vou falar... Palavra de Janete! – E faz o gesto dos
escoteiros.
R:
Vamos até o Shopping... eu quero comprar umas coisinhas... e comer algo... to
com muita fome, amiga!
Enquanto
isso na construtora:
F:
Claude, você desistiu de ter um filho? Não escuto mais você falando nisso...
C:
Non desisti non, Frazon... Só estou dando um tempo, hã. Tudo isso acontecendo
com Rosa... a história de non ser uma
Petroni, a perseguiçon do Júlio... não é justo eu insistir nisso agora...
F:
Tem razão, mon ami. Não seria nada fácil pra ela uma gravidez agora... com esse
maluco solto por ai...
C:
Assim que esse... esse sujeitinho for preso e condenado pela polícia ou pelos
traficantes... eu volto a falar com Rosa sobre filhos.
F:
Deus me livre de estar sendo mau, mas seria melhor se ele fosse pego pelos
traficantes... seria uma certeza que ele nunca voltaria a atormentar ninguém...
No
Shopping...
Rosa
e Janete almoçam sob o olhar atento de Rodrigo e de um segurança.
J:
Nossa Rosa, você está inspirada... esse
CD que você comprou é puro romance... E esses pares de sapatinhos... ai to até
com inveja! Quero um bebê também...
R:
Isso você resolve com o Frazão! Rsrsrsrsr
Elas
acabam de comer.
R:
É muito desagradável ficar andando com segurança o tempo todo, você não acha
Janete?
J:
Mas é para a sua segurança, minha amiga...
Enquanto aquele sacana do Julio não for pego, você corre perigo... você
sabe disso..
R:
É eu sei... – Responde triste.
J:
Ah, não! Nada de pensamentos negros, minha amiga! Alto astral, que você não
pode passar tristeza para os meus afilhados! Eu vou ser a madrinha, não vou?
R:
É, eu vou pensar no seu caso! Rsrsrsrsr
J:
Nossa, Rosa... magoei...- Brinca Janete. – Mas e aí, quando é que você vai
contar pro Claude?
R:
No Natal, Janete. Vai ser o presente de Natal do Claude...
J:
Que fofo, Rosa! E como é que você vai contar?
R:
Isso é surpresa, Janete... Mas vai ser muito divertido... tenho certeza! Rsrsrs
Mais
tarde, elas voltam à construtora.
C:
Mon Dieu, Rosa! Você comprou o shopping todo? – Brinca ele, vendo as várias
sacolas.
R
Isso? É só o básico! Ainda vai ter muita coisa pra comprar...
C:
E você tem alguma coisa pra resolver na sua sala?
R:
Não... a dispensa do pessoal já está programada, eles estão terminando a parte
elétrica, você viu... só falta mesmo a transferência dos famosos dólares...
C:
Enton, fica aqui comigo, hã? E a segura pelas mãos.
R:
Uau! Isso tudo é saudades? – Pergunta olhando nos olhos dele.
C:
Oui... eu non estou contigo, há exatamente – olha para o relógio – oito horas,
treze minutos e alguns segundos... é muito tempo sem te beijar...
R:
Não seja por isso... - E se entrega àquele carinho, que como sempre começa
suave e logo exige mais de cada um
deles... fazendo com que se esqueçam de tudo à sua volta...
F:
Claude tem uma pilha de doc...
C:
Frazon, você non sabe bater na porta antes de entrar, non?- Diz afastando-se de
Rosa.
F:
Desculpa, desculpa... eu não sabia que Rosa estava aqui... mas podemos resolver
isso, colocando aquela plaquinha de “não perturbe”. Que vocês acham? rsrsrsr
C:
Frazon... vai por plaquinha na...
R:
Calma, Claude... ele tem razão, é melhor eu sair...
C:
Non, nada disso! Você fica aí, sentadinha nesse sofá. Eu vou assinar esses documentos
e depois vamos pra casa, d'accord? E você, Frazon, pode ir...
F:
Já sei, já sei... to indo pro Saara catar coquinhos... – Ele vira as costas e
vai saindo – Mas vou levar minha Janete comigo!
Rosa
fica ali, observando, enquanto ele lê e assina os documentos, sempre olhando
pra ela com um sorriso. Ela pega um livro de histórias que comprara no Shopping
pra ler, se distrair. Mas...
“Eu
podia contar agora meus amores... – diz olhando para seu ventre – ...mas vocês
vão perdoar a mamãe... só mais dez dias... a gente consegue! Nós vamos fazer
uma grande surpresa pro papai... a primeira de muitas... prometo!”
Ela
fecha os olhos, imaginando como serão seus filhos: um casal; dois meninos; duas
meninas... “que venham com saúde... porque amor eles já tem!”... e seus
pensamentos voam...
Quando
Claude a olha, percebe que ela adormeceu. Ele vai até ela e a acomoda melhor no
sofá.
C:
Chérie... você está ton linda assim, sorrindo enquanto dorme... - e dá um
selinho nela. - Ele repara no livro caído no chão - “Alice no país das
maravilhas”... pelo seu sorriso, você deve estar lá, mon amour.
Ele
volta à sua mesa, e continua lendo os documentos. Isso toma mais tempo do que
ele esperava e quando finalmente termina, já são mais de seis horas...
Ele
arruma tudo e vai até Rosa:
C:
Rosa... Serafina... Chérie... acorda, hã? – Ele passa gentilmente suas mãos
pelos cabelos, face e braços dela.
R:
Claude? Nossa, eu dormi!
C:
Oui... como uma criança, hã? Mas agora tá na hora de voltar pra casa, minha
Alice...
R:
Alice? – Pergunta ainda sonolenta... e o vê
segurar o livro...
C:
Você comprou um livro de histórias infantis?
R:
É... é presente pra uma menina lá do casarão... neta da D.Antonieta... - Fala
rapidamente. Vamos pra casa então?
C:
Vamos... mas antes deixa eu terminar uma coisa... – E a beija, profundamente. –
Te amo... muito, hã?
O
telefone toca.
R:
O telefone...
C:
Deixa tocar...
R:
Mas pode... - Claude invade sua boca, passeando por ela, com todo desejo de um
homem apaixonado... quando escutam a voz na secretária eletrônica.
Rosa
estremece.
Ju:
Eu sei que vocês estão aí! Claro que não
querem falar comigo... Então escutem bem... Melhor se cuidarem mais... você,
francês, devia cuidar mais da Serafina,
não deixar ela por aí fazendo compras com sua amiguinha... só com um
segurança... rsrsrsrsrs Amanhã... amanhã é o dia da transferência... o prazo é
amanhã! Já passei o número da minha conta... fantasma, claro! Esse dinheiro vai
ser meu, por bem ou por mal... TEM QUE
SER MEU!
É
meu último aviso.
R:
Meu Deus! Ele está nos vigiando, Claude! Ele sabe aonde vamos, onde estamos...
quando estamos...
C:
É um covarde! Non tem coragem de
aparecer, porque sabe que será pego, hã?
R:
Covarde ou não, ele tem quem o ajude, interessado no que ele possa render, é
claro! E eu estou com medo do que ele está tramando, ainda mais agora que eu
estou... - ela se contém a tempo...
C:
Agora que você está? Continua, chérie...
R:
Agora que eu estou pra ser a portadora desses dólares! É isso. É por isso que
ele me vigia... eu sou a porta de entrada do dinheiro pra ele...
C:
Rosa, a polícia civil tem uma equipe atrás dele. Até a Polícia Federal está
caçando ele... sem contar os mafiosos americanos... e os próprios traficantes
que ele se envolveu aqui... Ele sabe que se for visto, non escapa... e uma hora
ele vai ter que aparecer...
R:
Eu espero que ele seja pego antes que nos pegue...
C:
Será, hã? Será! Vamos... com vigilância ou sem... temos que ir pra casa,
chérie.
Rosa
dá um longo suspiro e responde:
R:
Vamos... - Ela começa a pegar as sacolas de compras.
C:
Deixa eu te ajudar com essas sacolas...
No
apartamento.
C:
Dadi, ajuda Rosa a levar isso tudo pro quarto, por favor, hã?
D:
Pode deixar comigo, D.Rosa... a senhora tá comprando o enxoval do...
R:
Do casamento, Dadi. Esqueceu que vamos nos casar na igreja? – Ela fala
rapidamente, antes que Dadi termine seu raciocínio.
D:
Ah... é claro! Não é que eu ia
esquecendo disso?!
Claude,
sem suspeitar de nada, espera que elas subam ao quarto, e vai conferir se há
mais ligações de Júlio.
Ele
escuta a mesma chantagem que ouvira no escritório. Ele salva a conversa e envia
por email para Paulo, conforme combinado.
Quando
ele entra no quarto, Rosa está guardando o que comprou. Ele pára e fica olhando
pra ela. Ela se volta pra pegar mais alguma coisa e se assusta.
R:
Ai! Você me assustou... Faz tempo que você ta aí? – Pergunta receosa que ele
tenha visto os sapatinhos que ela escondera, no fundo do armário...
C:
Non sei... eu perco a noçon de tempo quando fico te admirando... você estava
ton feliz, distraída mesmo...
R:
É apesar de tudo que está acontecendo eu estou muito feliz!
C:
E posso saber o motivo de tanta felicidade? – Se aproxima de Rosa, e passa as
mãos em seus cabelos, colocando-os atrás de sua orelha.
R:
Pode... Você é o motivo da minha felicidade! Você e tudo que você me deu!
C:
Hummm e o que foi que eu te dei, que te deixou ton feliz? – Sua voz é quase um
sussurro, um delicioso convite...
R:
Amor, fantasia, desejo, prazer,... e muito mais... – Ela responde no mesmo
tom...
C&R:
Eu te amo... - Eles falam ao mesmo tempo e sorriem...
C:
Porque a gente tá falando ton baixinho?
R:
Não sei... acho que isso é um segredo... um segredo só nosso! E o atrai para
si, rodeando-lhe a nuca com as mãos, enquanto sua boca se atreve sobre a boca
de Claude, mordendo-lhe de leve os lábios... De repente ela se afasta e diz:
R:
Vem cá... eu comprei um presente pra você!
C:
Presente? Assim, sem data especial?
R:
Presente é presente, não precisa de data especial... abre... vê se você
gosta...
Ele
abre o presente.
C:
Voila! Um CD de músicas italianas... e com dedicatória... “Ao meu amor francês,
uma recordação italiana. Com carinho S. Rosa P. Geraldy”
R:
Então? Gostou? Eu vi esse CD na loja e lembrei de você! Eu cresci ouvindo essas
músicas! Meu pai e minha mãe viviam cantando juntos com os LPs dele...
Claude
repara que ela falou nos pais de forma carinhosa, sem aquela frieza e sorri.
C:
Você non vai acreditar, mas minha mãe amava música italiana! Ela dizia que era
romântica... que aquecia o coraçon dela... Vamos ver que músicas têm aqui, hã?
R:
É uma coletânea, vários artistas, desde os anos 60... Minha mãe contava que quando
meu pai foi servir o exército, ela ouvia esta daqui... deixa eu por... é
linda... mas eu espero nunca ter que
ouvi-la por você...
Fonte:
http://www.youtube.com/watch?v=NNLnzdO5Es0
Assim
que a música começa...
C:
D'accord... eu me recordo dessa canção... é linda, non?
Eles
acabam sentando no chão, abraçados, embalados na música. Rosa até arrisca
acompanhar o cantor...
Quando
a música acaba, ela está chorando...
C:
Rosa? Que foi... porque tá chorando, hã? Eu non pretendo te deixar nem por um
minuto, quanto mais por um ano, chérie...
R:
Não sei... nem percebi que chorava... acho que foi saudade da minha infância...
dos meus pais... - Diz enxugando as lágrimas...
C:
Você ouviu o que você disse? – Ela olha pra ele como quem pergunta “o que”. –
Você disse “saudades” - “meus pais”... Seu coraçon já aceitou tudo, mon amour...
só falta você ir até eles, hã?
R:
É, eu sei... mas estou tão sem jeito, depois do modo como agi... eu fui muito
egoísta, pensando só em mim... não parei pra pensar na responsabilidade que
eles estavam assumindo... uma criança que não era nada deles... como filha...
C:
Ah non! Você non vai chorar de novo! Que
tal irmos até lá? Eu tenho certeza que eles vão te abraçar, hã?
R:
Não, agora, não. Tá muito tarde. A gente vai outra hora, de dia...
C:
Enton, vamos assistir um filme, uma comédia, d'accord? Nada mais de tristeza
nessa casa! E com muita pipoca, oui?
Enquanto
Rosa toma banho, ele acerta o DVD com o filme escolhido: “Se eu fosse você”.
Depois,
enquanto ele se banha, Rosa faz a pipoca e troca umas palavrinhas com
Dadi. E volta para o quarto. Claude já
está deitado na cama e faz sinal, chamando-a e mostrando o lado vazio da cama:
C:
Ahhhh... até que enfim, non? Pensei que non vinha mais... ia ficar lá de
segredinho com Dadi... – Diz com cara de criança birrenta...
R:
Não eram segredinhos... eram grandes segredos... seu bobo! Eu tava passando com
ela a lista de compras... – Explica e vai se deitando ao lado dele.
Claude
aperta play e o filme começa.
Eles
vão assistindo e comentando o filme. Riem das cenas engraçadas. Aos poucos,
Rosa vai se acomodando no peito de Claude.
C:
Essa cena é muito boa, quando “ele” sai da piscina e seca o cabelo... não acha,
chérie? Rosa? Mon Dieu, dormiu de novo! Essa maluquinha deve ter andado
quilômetros dentro do shopping!
Ele
desliga o DVD e permanece com ela aninhada em seu corpo.
C:
Boa noite, chérie! – E beija os cabelos dela. Durma com os anjos... Non, melhor
dormir aqui comigo mesmo, hã? E acaricia-lhe o rosto, delicadamente, antes de
se entregar ao sono também.
Sônia, por enquanto tudo bem, mas com Júlio sempre atento, logo virá drama, pelo jeito! Legal! Bjs
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