CAPÍTULO
XXIX – MOMENTOS
Na
sexta-feira, mesmo tensos, eles vão à construtora. No caminho para lá, Claude
tenta desviar os pensamentos de Rosa para outros assuntos.
C:
Rosa, caso fechemos mesmo com o Ciro, aquele meu amigo, vamos precisar ampliar
nossos esforços, contratar mais pessoal ou abrir um escritório por lá.
R:
Você pensa em mudar pra lá ou passar um tempo por lá?
C:
Nos, mudar pra lá nos está nos meus planos... Eu estava pensando em colocar o
Colibri pra gerenciar essas obras... que você acha? Você comentou que ele vai
terminar o curso de engenharia...
R:
Jura?! Nossa! Eu acho ótimo! Falta um
termo pra ele acabar! Um semestre apenas... não sei porque ele trancou
matrícula, faltando tão pouco!
C:
E será que ele aceita? Ter que mudar assim, de uma hora pra outra... e a
Terezinha, será que ela vai concordar?
R:
Ah, eu imagino que eles se casem também... Vai ser "traumático" pros
meus pais, mas eles sobrevivem... rsrsrs
C:
Enton tá decidido. Assim que fecharmos qualquer um dos contratos por lá,
falamos com ele. Ele está se saindo muito bem na reforma da casa, tenho que
reconhecer!
R:
Você não vai se arrepender... nem ele. Tenho certeza que ele aceita!
Chegando
no escritório, cada um vai pra sua sala.
Rosa
aproveita que está sozinha e procura artigos relacionados à gravidez na
internet e começa a ler, passando um bom tempo assim.
Então,
ela percebe que recebeu uma nova mensagem de e-mail. Ela fecha a página da
internet, abre a mensagem e sorri.
De:
Claude
Assunto:
circular interna urgente
Amo
você... Assim quem tiver “disponível” vem me ver, hã? Beijinho...
Ela
responde:
De:
Rosa
Assunto
RE circular interna urgente
Também
te amo! Mas porque você não vem me ver? Eu estou sozinha mesmo... bj!
Dois
minutos depois ela está nos braços dele.
R:
Claude você está bem?
C:
Claro, chérie... Non posso ter saudade do amor de minha vida? Ontem você me
deixou falando sozinho... Non pude nem... dar um beijinho, hã? – Diz
maliciosamente
R:
Oh! Que dó! – Ela desliza suas mãos pelo rosto dele. - Pode dar agora então...
Eles
se beijam. E:
S:
D. Rosa, telefone para o Dr. Claude. Ele disse que estaria aí...
Claude
vira os olhos e diz baixinho:
C:
Tinha que ser... quando non é Frazon, é Silvia!
R:
Claude! – Diz repreendendo-o – Pode passar Sílvia, obrigada.
S:
Linha 3. Miss. Smith.
Ms
S: Alô, Dr. Claude, devo dizer um bom dia pra vocês, não?
C:
Oui, Ms Smith... obrigado... algum novo problema?
Ms
S: No, nenhum problema, Dr. Claude.
Liguei pessoalmente para avisar que o dinheiro já foi depositado,
transferido para conta de Rosa... Ela não está aí com o senhor?
C:
Claro que está Ms. Smith. Aliás, eu estou na sala dela, estávamos resolvendo um
assunto... urgente – Dá uma piscada pra Rosa – Eu vou passar pra ela.
R:
Olá, Ms. Smith! Bom dia!
Ms
S: Bom dia, darling! Você já está controlando o dinheiro de contrato, Rosa. A
transferência acabou de ser feita. Parabéns, querida! Tenho certeza que você
saberá administrá-lo!
R:
É muita confiança em mim. Ms Smith... eu fico lisonjeada... Vou me esforçar pra que nada saia do controle.
Ms
S: E vai conseguir, Rosa! Tenho certeza... Até dia de entrega de casas,
darling. Não faltaremos, Smith e eu.
Bye, querida!
R
Bye, Ms Smith...
R:
O dinheiro já está na minha conta! Claude, e se o Julio cumprir as ameaças?
C:
Bom ele vai ter que assaltar o Banco Central, hã? – Diz tentando quebrar a
tensão na voz de Rosa – Porque esse dinheiro ainda está bloqueado. Demora uns
dias para ser legalmente incorporado na conta.
R:
Você está brincando com algo sério! Ele vai aprontar alguma! Eu sinto isso! –
Diz nervosa, apreensiva.
C:
Olha, o Paulo já está com as gravações, colocou mais pessoas pra vigiar os
possíveis esconderijos dele... uma hora ele vai errar e vai ser pego.
R:
Tomara, meu amor... tomara...
C:
Vamos esquecer um pouco dele, um pouco non... muito! Vem cá – E a abraça – eu dizia que... E volta
a beijá-la.
Num
bairro residencial de luxo.
Cou:
É hoje, Nara! Hoje chega o dinheiro – ele olha para o relógio – aliás, já deve
ter chegado. Meu contato não ligou... Eu
vou ligar pra ele...
Coutinho
pega o celular e liga para seu contato no banco.
Cou:
Droga de telefonia celular! Fora de área! Vou arriscar ligar na agência
bancária.
Nara
só observa.
Cou:
Alô, por gentileza, eu preciso falar com o Miranda, setor de compensação. Como?
Transferido? Assim de repente? Sei, uma promoção... e como eu posso localizá-lo?
Você está brincando não é? Claro que é urgente minha filha! Não, você não pode
ajudar... – E desliga.
N:
O que foi agora? Pela sua conversa alguma coisa não deu certo...
Cou:
O filho da mãe aceitou uma promoção, sei lá pra onde... uma agenciazinha aí do
interior. Vai ser gerente! – E dá um sorriso sarcástico – Mas antes vai cumprir
um mês de férias atrasadas... Desgraçado!
N:
E agora, que esse seu planinho não funcionou, o que a gente faz?
Cou:
Ficamos espertos e prontos! Arruma suas malas, só o essencial, caso seja
necessário uma fuga...
N:
Fugir? Sem os dólares?
Cou:
Ora, Nara! Você e eu juntos temos o suficiente... E o mundo inteiro à nossa
espera para novos golpes!
N:
E o Júlio?- Ela sorri interpretando as palavras de Coutinho como um elogio.
Cou:
Duvido que ele consiga por as mãos nessa grana. E se colocar vai ser por muito
pouco tempo... Conheci o traficante com quem ele se meteu... O cara não vai ficar
com um terço, se pode ficar com tudo. O Júlio já dançou nessa, meu bem.
Claude
e Rosa resolvem almoçar em casa.
Depois
de almoçarem, eles estão conversando no sofá. O telefone toca.
R:
É ele! – Diz num sobressalto
Claude
atende ao telefone.
C:
Alô!
Ju:
Menos de seis horas. Vocês têm menos de seis horas pra realizar aquela
transação. Ou...
C:
Ou o quê, seu covarde?
Ju:
Ou eu serei obrigado a fazer outra “transação”, se é que você me entende,
francês! Nada agradável pra você... nem para Serafina!
C:
Mas é muito atrevimento de sua parte, seu mercenário...
Ju:
Seis horas, Serafina... É tudo!
Rosa
olha pra Claude, atormentada.
R:
Claude ele está desesperado! Ele não
está apenas querendo se vingar, ele realmente quer os dólares... como se fossem
a salvação de sua vida!
C:
Calma, chérie! Olha, eu tive uma idéia. Vamos passar o fim de semana lá na casa,
hã? A reforma é só externa. Eu sou
avisar ao Paulo, passar mais essa ligaçon pra ele. Que você acha?
R:
É... pode ser uma boa... mas e se ele seguir a gente...
C:
Non... a gente vai trocar de carro com o Frazon e a Janete. Quando eles se
derem conta non vão mais conseguir nos achar... Olha, pede pra Dadi preparar algumas
coisas pra gente levar, enquanto eu falo com Paulo e Frazon, hã?
R:
Tá... eu acho bom avisar o Antoninho e meus pais também...
C:
Non é melhor você mesma avisar seus pais, chérie?
R;
Não... eu não vou segurar Claude... vou chorar e eles vão ficar mais
preocupados ainda... liga por mim, sim?
C:
D'accord. Você tem razon. Eu ligo, chérie. Vai preparando o necessário pra
gente ficar lá até domingo, oui? – ele se aproxima dela, a abraça ternamente:
C:
Confia, chérie, confia na nossa força, hã?
Depois
de tudo combinado, com Frazão e Paulo, eles conseguem sair despistando os
informantes de Júlio, que seguem o carro de Claude, onde estavam Janete e
Frazão.
Já
é tarde da noite quando eles finalmente chegam à casa, pois Claude fizera
vários desvios, caso estivessem sendo seguidos.
Eles
guardam o que Dadi preparara e se acomodam em um dos quartos.
R:
Essa casa é realmente linda! A decoração foi sua mãe quem fez?
C:
Oui... Ela escolheu cada móvel desta casa. Alguns ela trouxe de nossa casa na
França. Mas se você quiser, a gente faz outra decoraçon, mais moderna...
R:
Não! Esta é perfeita! Como foi que você me chamou outro dia? Alice? Então me
lembra a casa dessas histórias... casa de contos de fada, de romances de época daquelas
famílias nobres que moravam em castelos, palácios... tem até lareira! Como é
mesmo que vocês, europeus, costumam chamar esses lugares?
C:
Eu acho que é solar, chérie. Incrível sua percepçon... era essa idéia que minha
mãe queria dar a esse lugar... Romance... coisa
que meu pai non soube ser... romântico... Para ele era apenas uma casa
de campo, um lugar para passar as férias de verão; para ela era um lugar
mágico, encantado...
R:
Mas... eles se amavam, não?
C.
À maneira deles, eu creio. – Ele fala com a voz embargada. - Mas chega de falar de meus pais, hã? Non tá
com fome? Passamos a tarde toda nos preparando e você non se alimentou direito,
pra variar...
R:
Eu vou tomar um banho e desço pra ver o que a Dadi fez de bom pra nós. Enquanto
eu arrumo por lá, você toma seu banho, oui?
C:
E non podemos fazer tudo isso juntos? – E a enlaça com as duas mãos pela
cintura.
R:
Non – Diz imitando ele – Porque o senhor está com más intenções... e eu quero
“só” tomar um banho – E sai dos braços dele.
C:
Rosa... chérie... non fala isso, hã? Minha intençon é das melhores...
R:
Mudei de idéia! – Ele sorri – Você toma banho agora! E eu vou arrumar a mesa
pra gente... E não adianta fazer essa carinha não... Vai! Anda! Pro banho!
C:
Mon Dieu! Ta parecendo mais minha mãe que minha esposa, hã?
Depois
de comerem e arrumarem tudo – coisa que Rosa sempre fazia questão – eles
conversam por um tempo na sala.
C:
Bem, já está tarde, chérie! Quase meia noite... hora da Cinderela voltar pra
cama, antes que a carruagem volte a ser abóbora...
R:
Cama? Que eu saiba ela voltou pra casa... e sem o príncipe!
C:
Hum hum... – Ele a acaricia na nuca com as mãos, causando arrepios por todo o
corpo dela – Mas essa verson é minha, hã? Eu sou o seu príncipe, você é minha
Cinderela e eu vou ignorar a parte dos sapatinhos, porque eu já te encontrei...
R:
Entendi! É um conto moderno... contemporâneo... então a Cinderela pode não ser
tão inocente assim... – E enfia suas mãos por baixo da camiseta que ele usava,
alcançando as costas dele.
C:
Sabe – Ele diz com a respiração entrecortada - tudo que eu quero no momento é
que ela non seja inocente... - Eles vão caminhando assim, entre beijos e
carinhos, escada acima, até chegarem ao quarto e se entregarem, de corpo e alma
ao amor.
A
manhã de sábado vem encontrá-los ainda dormindo. Rosa desperta e sente o peso
do braço de Claude em seu corpo. Ela tenta sair, mas ele a segura mais forte:
C:
Non sai non... fica aqui comigo. Non
temos compromisso com nada, hã? Ton difícil a gente dormir até mais tarde... assim
juntinho... – e beija os ombros dela.
Rosa
cede ao pedido dele, afinal que lugar melhor pra se sentir protegida, que nos
braços dele?
Mais
tarde, depois de tomarem um lanche, eles andam pelos arredores da casa. Claude
vai fazendo planos sobre tudo que pretende transformar por lá: o pomar, a
piscina e tudo o mais.
Depois
de andarem por tudo, eles retornam à casa e passam o resto da tarde vendo
filmes. Rosa esquenta um dos pratos que Dadi fizera e eles jantam.
R:
Nossa, eu to morta de cansada... acho que andei demais... eu vou tomar um banho
e deitar.
C:
Oui... Deixa que eu termino aqui, hã?
R:
Eu vou aceitar, porque realmente to acabada... não demora, tá?
Ela
sobe e Claude termina de arrumar o que sujaram. Quando ele sobe, Rosa está
deitada com os pés em cima dos travesseiros, lendo o seu livro.
Ele
toma um banho e sai com a cabeça molhada.
R:
Claude! Nem pensar que você vai deitar com essa água toda no cabelo! Vem aqui
que eu enxugo.
Ela
senta sobre as pernas, e enxuga carinhosamente os cabelos dele.
R:
Pronto! Ai! Meus pés estão formigando! Queimando...
C:
Estica as pernas, chérie... deixa eu fazer uma massagem neles, hã? – E começa a
massagear os pés dela, enquanto ela lê.
R:
Nossa... tá muito bom... não sabia desse seu talento...
C:
Ah... gostou, hã? Essa é específica para os pés, você ainda non conhece minha
massagem corporal, mon amour! É muito melhor, especial mesmo... mas non vai
faltar oportunidade...
C:
Rosa? – E olha para ela – Ah, chérie, chérie... você anda muito dorminhoca... -
Ele guarda o livro, ajeita o travesseiro
para ela e se deita também ao lado de sua amada.
Que tensão desses dois, Júlio está infernizando a vida deles! Mas, gosto dessas cenas românticas, muito bonitas! Bjs.
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