CAPÍTULO
XXXIII - DESESPERO
No
apartamento, Claude anda de um lado pra outro. Já passava das onze da manhã.
Ele não dormira, nem comera.
C:
Paulo, eu vou enlouquecer! É isso que ele quer. Me deixar maluco,
desesperado...
P:
Claude, ele com certeza tá seguindo os conselhos do tal traficantezinho, que se
julga o dono da favela! Isso é um meio de fazer com que os familiares se sintam
coagidos e acabem optando pela não intervenção da polícia.
C:
Pois ele já ta quase conseguindo isso, hã?
P:
Você só pode estar brincando e uma brincadeira de muito mal gosto... Confia na
gente, é uma questão de tempo... eu tenho experiência nesses casos...
C:
Tempo... tempo... ele pode fazer muito mal à
ela nesse tempo, Paulo!
P:
Ele não vai fazer nada com ela. Ela é a garantia de vida dele, de uma maneira
ou de outra...
Nesse
instante, Freitas chega ao apartamento, acompanhado de Ninica:
Fre:
Claude, meu amigo... que situação... posso ajudar em alguma coisa?
C:
Non... acho que non... como você vê, tem uma equipe aqui, tomando as
decisões...
Ni:
De qualquer maneira, nós viemos te apoiar. Com licença eu vou ali falar com a
Janete e a Alabá.
A
manhã passa sem nenhuma ligação. O clima no apartamento é tenso. Paulo recebe
uma ligação e depois de alguns minutos vem falar com Claude.
P:
Encontraram o seu carro abandonado na favela, Claude. Bem... o que restou
dele... Foi totalmente “depenado”, como costumamos dizer.
C:
Isso non importa agora, hã? Além do mais o carro tem seguro... mas a vida de
Rosa non tem...
Frazão
se aproxima de Claude.
F:
Claude, eu achei melhor pedir alguns lanches pra esse pessoal que virou a
noite. A Dadi precisou sair, mas ela volta, mon ami.
C:
D’accord, Frazon... resolve isso tudo pra mim, depois a gente acerta, oui? A
Dadi...
Eu
até esqueçi... hoje é véspera de Natal. Ela ia passar com a irmã dela...
J:
Ela foi até lá pra cumprimentá-los, mas garantiu que volta... Ela disse que
vocês são como os filhos que ela não tem...
C:
Mon Dieu! Ela non devia ter feito isso... devia
ficar com eles... porque Natal aqui non vai ter pelo jeito... Você todos
também, hã? Non se prendam por aqui...
J:
Eu não saio daqui até ter notícias da Rosa! E nem assim eu sei se vou embora...
Rosa é como uma irmã!
F:
E você é meu irmão, francês! Se Janete
não vai, eu menos!
C:
Mas non é justo, vocês perderem...
Ant:
Não seria justo deixar você aqui, sozinho numa hora destas... Só saímos se você
nos mandar embora!
C:
Oui, oui... já entendi... vocês non existem, hã? Obrigado! Diz “tristemente
alegre”.
Então
o telefone finalmente toca. Todos olham para o aparelho, tensos.
P:
Atenção pessoal! Rastreando! – E faz um
sinal para que Claude atenda a ligação.
C:
Pode falar, Júlio.
Ju:
Sentiram minha falta? Eu não preciso dizer o valor do resgate. Você já sabe...
todos aqueles dólares, nem um “cents” a menos!!
C:
Escuta, solta a Rosa e a gente negocia melhor...
Ju:
Não tem outra negociação... a grana em troca dela...
Paulo
faz um sinal pra Claude “esticar” a conversa...
C:
Eu quero falar com ela... saber se ela está bem...
R:
Claude...
C:
Rosa... fica calma... o Paulo vai encontrar... esse lugar, hã? Como você está,
chérie?
R:
Eu to bem... não se preoc...
Ju:
Pronto... já viu que ela está viva, não é? Pena que ela não vai passar o Natal
por aí... eu creio...
C:
Seu filho da...
Ju:
Sem ressentimentos, francês... e não me insulte porque eu posso não cumprir com
minha palavra... afinal eu nunca tive palavra mesmo... Eu volto a ligar às
quinze horas...
P:
Quase! Por alguns segundos! Mas, estamos perto...
C:
Mon Dieu! Como vamos negociar valores em pleno fim de semana, hã?
P:
Num caso desses, podemos contar com a colaboração das autoridades
competentes... A Suzana me ligou, ela
queria passar por aqui, mas está sem jeito, por causa daquele dia...
C:
Que é isso... aquilo já está esquecido, hã? Eu agradeço o interesse dela...
P:
Ela é quem está no rastreamento geral... pessoalmente.
C:
Paulo... vocês vão perder a comemoraçon
do Natal?
P:
Quando nos formamos, Claude, fazemos um juramento. “Honrar e servir”, entre
outras coisas... Foi uma escolha nossa esse trabalho, sabíamos onde estávamos
entrando... E essa minha equipe, eu escolhi a dedo...
C:
É tudo tão atípico... Não era assim que eu imaginava o fim de ano...
F:
Calma, amigão! Tudo vai acabar bem!
C:
Tomara, Frazon! Tomara!
Na
casa de Coutinho...
Cout:
Nara, minha cara... você tem que decidir... vai comigo ou não?
N:
Eu ainda tenho umas contas a acertar por aqui... Melhor mesmo você ir na frente, eu dou uns
dois dias e vou...
Cou:
Negócios? Você ainda quer alguma coisa com esse idiota do Júlio?
N:
Júlio? Não... eu tenho coisa muito melhor pra saborear... Eu quero ver a cara
de sofrimento do Claude... longe da “florzinha” dele... sem poder fazer nada...
vai ser um prato cheio!
Cou:
Você está se arriscando... A casa dele está com uma equipe da polícia... com
certeza!
N:
Eles não têm nada contra mim... a não ser que tive um... relacionamento com o
Júlio... não tenho nada a perder...
Cou:
Você é maior e vacinada... deve saber o
que está fazendo, mas cuidado... muito cuidado com o que vai fazer, porque
podem entender que você está sob ordens
dele...
N:
Tudo bem, Otávio... eu vou tomar minhas precauções...
Cou:
Então minha querida, nos despedimos por aqui... Eu entro em contato com você,
assim que tiver um lugar certo pra gente ficar. Se cuida... Quando sair, entrega
as chaves pro caseiro... ele já sabe o que fazer...
Coutinho
segue para o aeroporto.
No
casarão.
G:
Amália, nenhuma notícia ainda?
Am:
Dr. Claude ligou... falou com Serafina,
mas muito rápido. Ela disse que está bem...
G:
Serafina sempre diz que está bem... mesmo quando tem problemas... Se eu pudesse,
eu matava esse Júlio, Amália!
Am:
E ia preso? Nos deixava aqui desamparados? Deixa que a justiça cuida dele. Se
não a dos homens, a de Deus com certeza...
G:
Amália, vamos pro apartamento do dotore... passar esta noite juntos, que você
acha?
Am:
Eu estava pensando o mesmo, Giovanni... Vamos falar com Terezinha e Dino,
porque por aqui não teremos Natal...
Assim
eles conversam e combinam de ir logo ao anoitecer pra casa de Claude: Giovanni,
Amália, Terezinha, Colibri e Dino.
Na
casa de Claude, Freitas e Ninica se despedem:
Fre:
Claude, infelizmente, temos que ir por causa das crianças... Mas qualquer
notícia, nos informe, por favor!
C:
Claro... obrigado por tudo, Freitas... Ninica...
N:
Vai dar tudo certo, Claude, você vai ver... Isso vai ser só uma lembrança
desagradável...
C:
É o que eu espero... Até mais, mon amies!
O
celular de Claude toca...
“Mon
Dieu, se eu pudesse, desligava isso!”
Ele
se afasta de todos.
C:
Alô!
Ms.
Smith: Alô, Doctor Claude!
C:
Oh, Ms. Smith… como vai, hã? Algum problema?
Ms.
Smith: Dr. Claude... eu quero saber se é
verdade, essa notícia que está na internet, sobre o seqüestro de Rosa? Isso
procede?
C:
Infelizmente, sim, Ms. Smith...
Ms.
Smith: Oh, my God! Mas o senhor falou com ela? Quem seqüestrou Rosa?
C:
É uma longa história, Ms. Smith... pra resumir em poucas palavras... Mas, a
senhora deve se lembrar daquele casal que estava com o Coutinho na recepçon...
enton... o acompanhante de Nara, Júlio Castelli, é ele o sequestrador...
Ms.
Smith: Soul... Nara está com ele nessa loucura?
E o que querem? Nunca fui com o cara dele... é assim que vocês falam,
não é mesmo?
C:
Non sei dizer se Nara está com ele... provavelmente sim... Ele quer nada menos
que os dez milhões de doláres, Ms. Smith...
Ms.
Smith: Dr. Claude, Smith e eu iremos para o Brasil... imediatamente...
C:
Ms Smith, non... é véspera de Natal… vocês devem ter seus compromissos... e uma
viagem assim...
Ms.
Smith: Faço questão, Dr. Claude. Gostar muito de Rosa e do senhor... Posso ser
mais útil aí, pessoalmente... Quanto ao Natal, creio que ir aí, é justamente
viver o seu verdadeiro significado!
C:
D’accord, Ms Smith! Obrigado pelo carinho, hã?
Ms.
Smith: Sairemos dentro de pouco tempo… num vôo particular... quero estar aí o
mais rápido possível... Bye...
Claude
vai até Frazão e Janete que conversam com Alabá e Antoninho.
C:
Ms. Smith. A notícia já está nos sites na internet. Queria confirmar... Imagina
que eles vão vir pra cá!
F:
Tá vendo, Claude... e você fazendo
sempre mau juízo da americana...
C:
Tem razon, mon ami... essa eu vou ficar devendo mesmo, hã?
J:
Claude, você precisa descansar um pouco... senão, não vai agüentar enfrentar
essa situação...
C:
Eu só descanso quando Rosa estiver a salvo, Janete!
F:
Você não come nada desde ontem, meu caro... Você pode não querer, mas seu corpo
precisa de energia...
C:
Depois, Frazon, depois... - E se afasta.
F:
Eu nunca vi o Claude desse jeito... Nem quando perdeu os pais... Se culpa o
tempo todo, apesar de não falar...
J:
Ele tá arrasado! “Se ele soubesse do
estado da Rosa, se sentiria mais culpado ainda... melhor não contar nada, pelo
menos por enquanto...” – Pensa ela, com seus botões.
As
horas passam, o pessoal da equipe de Paulo, cinco policiais, não sai de seus postos,
monitorando telefone, favela e os principais lugares onde Júlio freqüentava.
P:
Claude, temos uma nova informação. O advogado, aquele tal de Coutinho, saiu de
casa, com algumas malas. Tem um pessoal seguindo ele. Mas não podemos fazer
nada contra ele, apesar da sua ligação com o Júlio... Não há denúncia ou
queixas contra ele.
C:
Com certeza, non está indo passar o Natal com a família. Deve estar fugindo com
medo de ser apontado como cúmplice do Júlio. Se safou, o cretino!
F:
Mas ele ainda pode ser preso pelos Federais ou pela Interpol. Eu fiquei sabendo
que ela tá envolvido com esse pessoal do jogo do bicho, dos bingos, até no
escândalo do mensalão ele tem participação!
P:
E aquela moça com cabelo ruivo, ela continua na casa dele. Mas não há notícia
que tenha entrado em contato com o Júlio. Nem por telefone, nem pessoalmente.
C:
Nara! Se ela ficou, não foi embora com Coutinho, é porque tá aprontando
alguma... ou enton vai voltar pro Júlio, caso ele consiga os dólares... Sua
equipe realmente trabalha bem, Paulo.
P:
Eles estão empenhados mesmo. Eu quis que fossem descansar, nenhum deles quer
arredar o pé daqui. Agora é uma questão de honra pra nós! Vamos ficar de olho
nela... quem sabe damos sorte dela ir até ele...
Claude
olha para o relógio.
C:
Quase três da tarde! Se ele cumprir sua
palavra...
O
telefone toca.
C:
Fala, Júlio. Vamos acabar logo com isso...
Ju:
Sempre a postos, francês? Kkkk Não me diga que estão tentando me rastrear? Diz
pra esse investigadorzinho que ele não vai conseguir...
C:
Júlio, eu quero falar com Rosa!
Ju:
Você “quer” falar com ela? Mas “eu” não quero que você fale com ela!
C:
Você non pode estar falando sério, você deve ser psicopata... se non é está a
caminho...
Ju:
Você está muito alterado. Eu ligo depois. E se você me tratar assim de novo, eu
posso não ser mais tão bonzinho com a sua “Rosa” e me divertir um pouco com
ela!
C:
Non ouse pensar em tocar nela, seu covar... Canalha! Covarde! – Grita Claude, batendo o telefone.
P:
Se acalme, Claude. Assim você só vai deixar ele mais irritado com você e não
vamos conseguir nada. E tem que ser o contrário: ele tem que se sentir acuado,
sem saída...
C:
Mon Dieu! - Ele perde a paciência - O
que você faria se fosse a sua namorada com ele e ele ameaçasse “se divertir”
com ela, hã?
Paulo
engole em seco, desvia o olhar. Apesar de ser um policial experiente, se coloca
no lugar de Claude por um momento...
P:
Desculpe! É o policial falando, não a pessoa. Aqui entre nós, acho que eu faria
bem pior do que você pensou em fazer!
F:
Não seria melhor, você assumir as negociações, Paulo? Uma pessoa neutra, sem
envolvimento emocional...
P:
Se o Claude concordar... podemos tentar. Claude?
C:
Eu só queria falar com ela, será que vocês non conseguem entender? Ouvir ela
dizer que está bem, apesar de tudo!- E sai da sala, indo até a cozinha, o
primeiro lugar que viu pela frente.
Dadi,
que já havia voltado, tenta melhorar o ânimo de Claude.
D:
Dr. Claude, o senhor tem que se controlar. D. Rosa com certeza está bem. Deus não
iria deixar nada acontecer a ela agora.
C:
O que você tá querendo dizer, Dadi?
D:
Que é véspera de Natal – desconversa pensando que falou demais. - Que o senhor
precisa descansar, dormir, recuperar suas forças... Desde ontem sem comer, sem
dormir. Se continuar assim, como vai poder cuidar de D. Rosa depois? Tome um
banho, troque de roupa... se alimente. O senhor vai se sentir mais forte...
Claude
solta um longo suspiro e passa a mão pelo rosto. Olha em volta, vê seus
melhores amigos, pessoas estranhas que estão ali, na véspera do Natal, umas a
serviço, outras simplesmente por amizade.
C:
Você tem razon, como sempre, Dadi. Eu vou subir, tomar um banho e mudar de
roupa. Posso até tentar comer alguma coisa. Mas dormir, descansar... só quando
ela estiver a salvo desse maníaco depressivo!
Claude
sobe para o quarto sem muito ânimo. Aquele lugar, no momento, só lhe trazia
recordações... e saber que só ele estaria ali, entre elas, era um peso em sua
alma.
Na
cozinha:
F:
Grande Dadi! Por isso que eu te amo! Você fala e ele te obedece!
D:
Só falei o que ele precisava ouvir, Dr. Frazão. O que diria a mãe dele nessa
hora!
Claude
toma um banho rápido. Afinal Júlio poderia ligar a qualquer momento.
“Talvez
seja melhor mesmo o Paulo negociar com esse cretino! Mas de falar com Rosa,
ouvir sua voz, non abro mão!” – Pensa, enquanto desce a escada.
Ele
vai até a cozinha.
D:
O senhor não quer que eu prepare algo? Um lanche, algo leve?
C:
Non, Dadi. Eu me viro com qualquer coisa. – Diz, pegando pão e abrindo a
geladeira – Obrigado, hã? Por tudo! Por estar perdendo seu Natal comigo!
D:
Que isso, Dr. Claude! Eu não deixaria o senhor na mão, nunquinha! O senhor é
como se fosse um filho, já lhe falei isso!
C:
Merci, Dadi! Eu também a tenho como minha mãe! – E sem se dar conta, pega a
geléia de goiaba, passa no pão e começa a comer. Porém, quando percebe que é a
mesma geléia que Rosa tanto gosta e come, não termina de comer...
As
horas passam. Anoitece.
A
campainha toca e Dadi atende.
D:
D. Amália! S. Giovanni! Vamos entrando... Que bom que vocês vieram...
Am:
A gente não tava mais agüentando de agonia, Dadi! Será que o doutor não vai se
zangar?
D:
Imagina, D. Amália! Foi muito bom vocês terem vindo... ele tá precisando de
todos nós... de muita força!
Claude
se aproxima.
C:
S. Giovanni e D. Amália! Mon Dieu, non fiquem ai parados, hã? Vamos entrar...
Colibri, Terezinha e Dino... entrem e fiquem à vontade.
G:
Dotore, alguma notícia de minha Serafina? O senhore falou com ela?
C:
Falei muito rapidamente, S. Giovanni! Aquele safado non me deixou conversar com
ela... mas venham cá... eu quero apresentar o Paulo pra vocês. Ele é o
investigador responsável pelo caso.
P:
Muito prazer! Pena que estamos nos conhecendo nessa situação...
G:
O senhor acha que vai dar tudo certo? Que nossa Serafina vai ser encontrada?
P:
Estamos todos empenhados nisso. Vamos aguardar.
Eles
se acomodam pela sala.
P:
Claude,espero que você não se incomode... nós pedimos algumas pizzas. Assim
ninguém sai do seu posto.
C:
Claro que non, Paulo... se precisarem de alguma coisa, é só falar comigo ou com
Dadi, hã?
O
celular dele toca, ele atende e fala rapidamente. Depois vai até Frazão e
Janete.
C:
Os americanos já eston no Brasil. Eu mandei o Rodrigo pegá-los no aeroporto.
F:
Essa Ms. Smith... sair de Nova Yorque em plena véspera de Natal... por causa de
Rosa... Ela deve gostar mesmo dela.
C:
Non sei nem o que pensar, mon ami... americanos son sempre frios, polidos...
acho que Rosa fez mais um milagre... conquistando eles.
Em
pouco tempo, Rodrigo chega com os americanos. Eles são apresentados a todos. E
também ficam por ali.
Depois
das vinte e duas horas, a campainha toca.
P:
Deve ser as pizzas que encomendamos...
Dadi
abre a porta.
D:
Pois não – Pergunta ao ver uma mulher que não reconhece logo a principio.
N:
O Claude, sua idiota! Chama ele...
D:
D. Nara!? – Se espanta, pois Nara estava de peruca preta, chanel e óculos de
sol em plena noite.
Claude
que acompanhava tudo com o olhar se aproxima. Nara entra no apartamento, se
achando...
C:
Mas o que é que isso? Que você veio fazer aqui? Trazer um recadinho de seus
amantes? Cuidado, você pode ser considerada cúmplice!
N:
Não... eu vim olhar pra sua cara, ver
bem de pertinho seu sofrimento, seu estúpido!
Bonito
circo armado aqui na sua sala, com essa gentinha toda aí...
Frazão
se aproxima também, prevendo uma catástrofe...
F:
Você não tem um pingo de respeito, Nara! Não tem vergonha nessa sua cara, amor
próprio? Sua presença não é bem vinda. Aproveita e vai embora logo, antes que...
N:
Antes que o que? Eu to adorando isso tudo! Eles não têm nada contra mim – diz
apontando pra polícia.
C:
Nara, faça o favor de sumir de minha casa e esquecer meu endereço, hã?
N:
Não sei o que vocês vêem nessa corticeira... Mas... o que é isso? Até os
americanos estão aqui?
F:
Vieram num vôo particular, só por causa de Rosa. Morra de inveja, Nara!
C:
Nara, adeus – ele a pega pelo braço e leva praticamente arrastando para a
porta.
N:
Mon amour! – Diz cinicamente – Eu só quero curtir... eu to adorando esse seu
desespero, essa sua cara de preocupação... O Júlio me fez um favor sem saber...
kkkkkkk
C:
Já chega! Eu só non te ponho pra fora com um soco nessa sua cara de pau, porque
você é mulher, fisicamente falando. Mas eu to no meu limite... Non me obrigue a
esquecer isto, hã?
N:
Larga meu braço! Você tá me machucando, seu francês imbecil!
C:
Ah... eu to te machucando? Isso non é nada perto do que eu gostaria de fazer...
Claude
abre a porta e a empurra pra fora.
C:
Adeus, Nara!
N:
Seu insuportável... eu nunca gostei de você... só queria aparecer ao seu lado,
por causa da sua posição social... você é um estúpido e agora eu to me
divertindo muito, tomara que a sua “florzinha” murche bem aos pouquinhos!
Pensar que eu tive que agüentar você na cama pra entrar nas rodas sociais...
fingir que gostava, que tinha prazer...
C:
Quer saber, Nara? Non devia ser fácil mesmo... fingir pra tantos homens assim
num mesmo dia, numa mesma noite... non é mesmo? Ou você pensa que eu não sabia
das suas “aventuras”? Você era o assunto “favorito” nessas “rodas sociais”...
N:
Seu... seu... cretin...
C:
Adeus, Nara! Até nunca mais!
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