Já
no apartamento, eles tomam um banho e se preparam para ir à construtora na
parte da tarde. Enquanto Rosa se preparava, Claude conversava com Dadi para
saber se Júlio havia feito mais ameaças.
D:
Todo dia, Dr. Claude. No mínimo duas ligações. Mas aquele policial, o
investigador Paulo, veio hoje cedo e levou todas as fitas pra delegacia,
conforme havia combinado com o senhor.
C:
Mon Dieu, ele non desiste mesmo, hã? Dadi nem uma palavra disso pra Rosa... só
deixaria ela ainda mais apreensiva... Falando nisso Dadi, ela passou mal na
volta... vomitou muito... é só falar nele que ela fica assim!
D:
Pode deixar, Dr. Claude! Mais uma boca de siri! – Dadi pensa no “segredo” de
Rosa.
C:
Non entendi, Dadi?
D:
É... saber guardar segredo, Dr. Claudes.
C:
Isso eu sei, Dadi. Rosa já me explicou. Non entendi o porquê você disse “mais
uma” boca de siri...
D:
Ahhh, isso... é porque o senhor já pediu
pra não contar das ligações dele... é isso!
C:
Hummm – Claude lança um olhar meio desconfiado pra ela, mas não diz mais nada.
Depois
de almoçarem, Claude e Rosa vão à construtora.
Eles
saem do elevador de mãos dadas e cumprimentam o pessoal da recepção.
Na
sala de Claude, Frazão e Janete trabalhavam nesta segunda-feira.
C:
Bom dia pra vocês, hã? Algum problema, Frazon?
F:
Não, meu querido, tudo na mais santa ordem!
R:
Alguém seguiu vocês, sexta-feira?
F:
Se seguiu, quando percebeu que não era o Claude e você, desistiu.
R:
Menos mal, então... porque nunca sabemos o que eles podem fazer, quando se
sentem enganados...
J:
Nossa, Rosa... você está com uma
carinha... não tá bem?
C:
Non, Janete, ela non está bem. – Vai falando Claude, não deixando Rosa
responder - Imagina que ela... “colocou” o jantar e o café de hoje pra fora na
volta pra cá, hã?
R:
Claude eu já fal...
C:
Non, espera, chérie – Interrompe a fala dela – E tem mais, essa teimosa non
quer ir ao médico comigo!
R:
Mas eu não estou doente! Foi só um mal estar... comida que não me fez bem...
C:
Pois eu vou marcar uma consulta e vou levar você, nem que seja amarrada, Rosa.
R:
Ah, vai? Quero só ver... eu não estou doente e não vou à médico nenhum... nem
com você, nem com ninguém!
C:
Mon Dieu, Rosa, você non fale assim comigo!
R:
Então, não me ameace!
C:
Eu non estou te ameaçando, por favor, hã?
Frazão
e Janete se olham e tentam intervir:
J:
Claude, a Rosa já foi ao médico, esqueceu? Semana passada.
R:
Isso. Já fui e ele disse que eu estou ótima de saúde. Melhor impossível!
C:
Enton, eu quero falar com esse médico, porque você non deve ter contado tudo
pra ele non, desses seus...
R:
Chega, Claude. Eu vou pra minha sala. Quando você se acalmar, eu volto. Janete,
vem comigo? – Ela se vira e vai saindo.
J:
To indo, amiga! – E olha pra Frazão, dando com os ombros.
C:
Rosa, você quer me ouvir? – Diz virando os olhos, ao ver que ela não responde e
sai. – Você viu, Frazon? Agora é assim...
F:
Calma, mon ami! Ela tá tensa, com essa história das ameaças do Júlio... Mas e aí
me conta, como foi seu fim de semana? Sem estresse, eu suponho, não?
C:
Mas você non perde oportunidade de fazer piadinha, hem Frazon? Mas só pro seu
sossego, foi muito bom, hã?
F:
Muito bom? Só isso? Não vai me contar detalhes?
C:
Non! Vou fazer igual Dadi, hã? Boca de siri!
E vamos ver o que tem pra fazer antes do Natal, d’accord?
Na
sala de Rosa:
J:
Ai amiga... Porque você não conta logo pra ele?
R:
Não... o Natal tá aí, Janete! Faltam poucos dias...
J:
Mas e se ele insistir e marcar mesmo uma consulta?
R:
Eu vou falar com ele. Marcaremos depois do Natal, até porque agora, os médicos
param de atender, só mesmo casos de emergência... Até lá ele já vai estar
sabendo...
J:
Boa idéia... mas e aí? Como foi seu fim de semana?
R:
Uma loucura, Jane! Foi assim, uma lua de mel, atrasada...
J:
Lua de mel é? Me conta isso direito, porque
vocês acabaram de discutir!
Rosa
faz uma careta pra ela.
R:
Janete, o Claude foi muito, muito carinhoso...
tudo de bom... foi puro êxtase, amiga!
E
assim se passam dois dias. Chega a quinta-feira.
Claude
evitando que Rosa ouça as ligações de Júlio, Rosa evitando que Claude toque no
assunto médico.
Eles
estão tomando o café da manhã.
C:
Rosa, vamos dispensar o pessoal do escritório também, oui? Non há necessidade
de ficarmos lá se non teremos pessoal nas obras, além do que acho que todos
precisamos de uns dias de descanso mesmo...
R:
Ótima notícia, meu amor... Tem funcionário que ainda não teve tempo de fazer
compras nem dos presentes para os filhos... Falando em compras, você e Frazão
precisam ir até a loja experimentar a roupa do casamento.
C:
D’acord, chérie... vamos hoje mesmo, hã?
Aproveito pra comprar uns presentinhos que estão faltando. Não comprei
nada para os filhos d...
Dadi,
que escutava a conversa, derruba alguma coisa na cozinha... ao mesmo tempo em
que Rosa engasga com o chá que tomava.
R:
Filhos? Cof... cof...!
C:
Bebe devagar, Rosa... non vai tirar S. Giovanni da forca, hã? Como estava
dizendo non comprei nada para os filhos de Ninica e Freitas. Eles têm um casal.
Devem ter sete e cinco anos... Você non os conhece ainda... non é, chérie?
R:
Ah! Esses filhos – Diz Rosa – Não, nem sabia que tinham filhos... mas vou
adorar conhecê-los!
C:
E que outros filhos poderiam ser?
R:
Você não quer mais ter filhos? – Pegunta Rosa, como quem não quer nada, mas ansiosa
por dentro - Não tocou mais no assunto. Vivia falando da cegonha...
C:
Chérie, você mesma disse que non seria um bom momento por tudo que tem
acontecido... Enton, vamos dar um tempo hã? Non quero que nada atrapalhe ou
prejudique você quando ficar grávida, mon amour.
Rosa
fica se sentindo culpada por estar escondendo a notícia dele.
“Falta pouco, meus anjinhos, três dias. Passa
rápido... Ah, vê se não dão mais bandeira, fazendo a mamãe passar mal de novo,
hem!” Pensa Rosa, enquanto toma mais chá.
C:
Falando nisso, Rosa, eu realmente queria que você fosse de novo ao médico...
Non é bom você ficar passando mal assim, hã? Se non quiser que eu vá contigo,
pede pra Janete te acompanhar ou sua mãe, chérie. É uma ótima chance de
voltarem às boas...
R:
Tá bem, Claude. Eu vou marcar pra depois do Natal, se conseguir horário... E
você vai comigo, d’accord? - E sorri pra ele.
C:
D’accord - responde ele sorrindo também - Você está se sentindo bem mon amour?
Nem brigou por causa disso!
R:
Que gracinha! O Frazão tá ensinando direitinho! E tem dois alunos
aplicadíssimos pelo jeito! Me passa a geléia de goiaba, vai...
Eles
passam a manhã na construtora. Claude respira aliviado, pois nenhuma nova ameaça
fora feita. Mas não dispensa os seguranças contratados
Na
parte da tarde, Frazão e Claude vão até a loja para fazer a prova das roupas.
Claude aproveita que está sem Rosa por perto e compra um par de alianças,
gravando a data do casamento e os nomes deles... Frazão entra no clima e faz as
suas também.
Enquanto
isso no escritório, Janete e Rosa conversavam, quando toca o telefone.
S:
D. Rosa, telefone pra senhora. É sua irmã Terezinha, linha um.
R:
Passa, Silvia. Obrigada.
R:
Alô, Terezinha? Aconteceu alguma coisa
com o pai e a mãe?
T:
Oi, Fina. Não. Eles estão bem. Um pouco tristes, esperando por você. Eles
telefonam todo dia pra saber de você...
R:
É eu sei... eu vou procurá-los antes do Natal ainda, prometo, Terezinha!
T:
Então, Fina, eu to ligando por parte do Antoninho... já estou trabalhando com
ele. Ele quer saber se vocês podem recebê-lo hoje, ainda. É sobre o casarão.
R:
Claro, nem precisava ligar pedindo, era só aparecer. Mas você pode adiantar
alguma coisa?
T:
Infelizmente não. Ele só pediu pra te ligar, disse que você tem que ser a
primeira a saber!
R:
Sei... então tudo bem... fala pra ele que pode vir sim... mas espera.. melhor
lá em casa. Lá pela cinco, seis horas. Vai também com ele... Eu vou adorar te
ver!
T:
Ok, Fina. Combinado, então. Tchau. Se cuida, querida!
R:
Tchau, minha irmã!
Elas
revisam alguns poucos documentos que restavam, até que Frazão e Claude
retornam. Vão todos para o apartamento. Cada casal no seu carro.
No
meio do caminho, parados num sinal vermelho, Rosa vê uma loja de artigos
infantis com vários bichinhos de pelúcia expostos.
R:
Claude, amor, dá a volta! Olha aquela loja, que linda! Cheia de bichinhos de
pelúcia! E de artigos pra crianças!
C:
Rosa, pra que você quer bichinhos de pelúcia?
R:
Ah... não é pra mim, não... é... é para o presente dos filhos do Freitas ou vai
me enganar que já comprou alguma coisa?
C:
Non... quem sempre fez isso foi a Dadi. Tá certo, vamos lá.
Ele
faz o retorno e pára na loja.
R:
Me espera aqui, amor. Eu não demoro.
C:
Non posso ir junto?
R:
Não. Eu quero comprar um presentinho pra você... suspresa, hã? Promete que não
vai lá?
C:
Está bem, Rosa... eu prometo, oui? Fico aqui de castigo! Mas non demore, hã?
Quando
Rosa entra na loja, descobre que é de uma ex-colega da faculdade. Era uma loja
muito bem decorada, fabricação própria, produtos bem acabados. Tinha até uma
sessão de presentes personlizados, um cantinho especializado em produtos para
aqueles que querem se vingar com um certo humor. O famoso “tapa com luva de pelica” .
Fantasias e presentes para aqueles que pretendem se reconciliar, também.
Rosa
explica pra ela, rapidamente sua situação e juntas bolam o “presente” de
Claude, para o Natal.
Amiga:
Você teve uma idéia incrível, Rosa! Posso copiá-la para os meus serviços?
R:
Claro! Adorei sua loja! Essa ideia de vingança, com sabor doce... foi o máximo!
Amiga:
O que vale é a “boa” idéia. Já tive clientes que, enviaram para a pessoa amada
um quilo de açúcar com a mensagem “você é todo o doce que eu preciso” ou
relógios sem ponteiros com os dizeres “o tempo não passa quando estou com
você”... e por aí afora...
R:
E eles entregam pessoalmente?
Amiga:
Alguns mais corajosos sim. Mas eu criei um sistema de entrega por sedex ou
motoboy; ou então, se preferir desembolsar um pouco mais, um modelo fantasiado
como o cliente desejar entrega a doce vingança no local indicado.
R:
Então posso ficar despreocupada, vocês entregam os presentes, também. Perfeito!
Adorei te encontrar, querida. Vou me tornar uma cliente cativa. Deixa eu ir,
senão ele entra e estraga tudo rsrsrsrsrs.
Amiga:
Também adorei te ver, querida. Até mais. Boa sorte!
Rosa
sai da loja, rindo sozinha, imaginando a cara de Claude, quando receber seu
presente. Ela entra no carro.
“Essa foi uma idéia original... Caiu do
céu... Vai valer a pena, esperar até a hora marcada!”
C:
Rosa, cadê os presentes? Rosa? Rosa, non tá me ouvindo non?
R:
Oi... ah, eles entregam... Eles têm um Papai Noel, que faz as entregas no
Natal, um coelho para a Páscoa, um palhaço para o Dia das Crianças, enfim tem
sempre algum personagem para cada data... Legal, né?
C:
É interessante mesmo... naturalmente, eles cobram por estes serviços, hã?
R:
É tudo incluído no pacote. Mas você pode dispensar esse serviço e entregar
pessoalmente. Achei melhor mandar pelo Papai Noel da loja. Afinal são crianças.
Acredita que a dona da loja foi minha colega de faculdade? Claude, precisamos
mesmo desses seguranças o tempo todo atrás da gente?
C:
Precisamos, chérie. É pra sua segurança,
hã? Recomendações do próprio delegado. Até ele ser pego!
Eles
vão para casa e quando chegam, Frazão, Janete e Antoninho já estão por lá,
preocupados.
F:
Enfim, chegaram! Estávamos preocupados com essa demora! Saímos juntos e vocês
sumiram de vista...
R:
Desculpem, a culpa foi minha. Eu parei numa loja, pra comprar uns presentinhos
de última hora... Imagina, Janete a loja era de uma amiga da faculdade... Até
por o papo em dia... rendeu... Aliás você precisa conhecer essa loja... Vai ser
muito útil... rsrsrsr
F:
Tá falando isso por minha causa, D. Rosa? Pensei que você era minha amiga
também!
R:
Eu sou! Por isso to indicando ela... mas Antoninho, cadê a Terezina? Ela ficou
de vir com você!
Ant:
Pois é... ela ia vir mesmo, mas o Colibri
apareceu pra pegá-la... Ai já viu né! Ela disse que vem outra hora...
R:
Bem podiam ter vindo os dois... mas tudo bem. Vamos lá, então. Qual é a
novidade? Vamos nos sentar? Vocês querem beber alguma coisa?
J:
Dadi já nos serviu, Rosa.
Claude
senta ao lado de Rosa. Antoninho começa a falar.
Ant:
São boas, excelentes notícias, pessoal. A prefeitura deferiu o pedido do
tombamento.
C:
Explica melhor essa ideia de tombamento, Antoninho. O casarão vai passar a ser
da Prefeitura?
Ant:
Não! O tombamento
é o ato de reconhecimento do valor cultural de um bem que o transforma em
patrimônio oficial e institui regime jurídico especial de propriedade,
levando-se em conta sua função social. Um bem cultural é "tombado"
quando passa a figurar na relação de bens culturais que tiveram sua importância
histórica, artística ou cultural reconhecida por algum órgão que tem essa
atribuição. Por meio do tombamento é concedido ao bem cultural um atributo para
que nele se garanta a continuidade da memória.
O tombamento não retira a propriedade do imóvel e nem implica seu
congelamento, permitindo transações comerciais e eventuais modificações,
previamente autorizadas e acompanhadas, além de auxílio técnico do órgão
competente. Resumindo, tombamento é o ato ou efeito de "restringir"
um bem que geralmente é público e que possui importância histórica e cultural
para a sociedade atual e futura.
R: Mas, então, se o Julio
ganhar a causa, ele pode vender o casarão?
Ant: Teoricamente sim. Mas
normalmente quem compra esses imóveis antigos tem a intenção de demolir pra
constuir prédios, que são mais rentáveis. Neste caso do casarão, ele perde o valor,
porque não poderá ser demolido.
C: Entendi. Então a família de
Rosa pode ficar mais tranquila agora.
Ant: Sim. Sem levar em conta
que o advogado que entrou com a causa não é bem visto no meio. Com certeza, ele
nem vai dar andamento no processo depois que souber so deferimento. E tudo será
arquivado.
R; Que bom! Eu não queria ver
meus pais na rua, assim desse modo. Aquela casa é a vida deles. Eles
praticamente viram aquele pedaço do bairro aparecer!
Ant: Então, Serafina. Foi por
isso que quis te contar primeiro. Pensei que você gostaria de dar a notícia
pessoalmete a eles...
C: Bem pensado, Antoninho.
Ótima oportunidade de você voltar a falar com seus pais, chérie. – Diz,
abraçando-a delicadamente. Podemos ir amanhã cedo, que você acha? – Tenta forçar
a barra.
R: Tudo bem pessoal. Já vi que
é por livre e espontânea pressão
mesmo... rsrsrrs. Eu vou sim. Já tinha mesmo decidido ir antes do Natal. Eu
preciso me desculpar com eles...
Ant: Então podemos ir juntos.
Porque S. Giovanni vai querer tudo “preto no branco”. Conhecemos ele, não?
Rsrrs.
C: D’accord. Nos encontramos lá,
enton. Lá pelas nove horas, está bom, mon amour?
R: Sim. Saímos daqui lá pelas
oito. Combinado, Antoninho?
Ant: Fechado! Eu vou, então,
que Alabá está me esperando. Temos um jantar com clientes... Boa noite,
pessoal. – E sai.
J: Parabéns, amiga! Tá vendo,
tudo está se ajeitando... Logo você vai estar tranquila de novo... Bem, a gente
já vai também, não é, Frazão?
C: Porque non ficam pra jantar
conosco, hã?
F: Janete?
J: Ah, eu adoraria, mas
realmente hoje não dá! Temos um compromisso inadiável!
F: Temos?
J: Temos sim, Sr. Frazão! Vamos
jantar com meus pais, esqueceu?
F: Pra falar a verdade, esqueci
mesmo! Então... boa noite, meus queridos..
C&R: Boa noite! E Frazon...
boa sorte com a sogra, hã?- cotinua Claude.
F: Tá aprendendo, hein,
francês!? Cada vez mais! Mas ainda falta muito pra chegar no “jeito Frazão de
ser!” rsrsrs
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