- Não é nada disso que vocês estão pensando. – Disparei rapidamente, tentando cortar quaisquer pensamentos maldosos que os dois funcionários e ao Frazão pudessem chegar a terem após presenciarem a tal cena constrangedora entre Claude e eu de instantes antes.- Calma Rosa. Não estamos pensando em nada. – Disse Frazão com um sorriso cínico no rosto. É obvio que pela expressão dele, Frazão estava pensando sim no que não devia. Suspirei fundo. Ajeitei meu vestido que estava todo amassado e sai no elevador com a cabeça erguida, como se eu não me importasse em ser o centro das atenções.
- Rosa, espera! – Claude me chamou, se aproximando rapidamente de mim. Queria ignorá-lo, deixá-lo falando sozinho como eu sempre fazia. Mais a situação agora era diferente. Tive meu minuto de loucura e não poderia simplesmente fugir das conseqüências.
- O que foi Claude? – Perguntei me virando para encará-lo. Tentei ao máximo agir naturalmente. Não sei o que me fez querer beijá-lo. Mais tenho que confessar que eu gostei. Havia imposto uma regra proibindo qualquer tipo de contanto físico entre nós. E acabei sendo eu a quebrar essa regra.
- Desculpa. – Ele murmurou ao se aproximar mais ainda de mim, para que só eu pudesse ouvi-lo.
- Pelo que? – perguntei confusa. Ele não tinha motivo para se desculpar. Eu que havia o beijado e não o contrário. Claude não me respondeu. Apenas me guiou para longe dos olhares curiosos que as pessoas que nos observavam tinham desde que saímos do elevador. Ele me levou para uma varanda do andar que estávamos. A visão era linda. Já tinha anoitecido por completo. Percebi que Claude estava tenso.
- Pelo que se desculpou? Se foi eu que te beijei. – insisti em saber o que estava acontecendo.
- Você non pode se apaixonar por mim. – Ele confessou entre os dentes. O tom de sua voz soou preocupado. Como ele poderia ter tanta certeza que eu estava me apaixonando por ele?
- Não me faça rir. – Tentei indiferença. Ele continuou sério.
- Lembra da ultima regra do contrato que você me fez assinar? – ele perguntou.
- Claro que eu lembro. Por quê? - Por que é nessa regra que nos proibi de nos apaixonarmos um pelo outro e quero que essa regra siga intacta até o final desse casamento. – ele respondeu convicto. Claude parecia ter certeza que nos apaixonaríamos, mais do que certeza ele demonstrava medo. Mais o porquê desse medo?
- E por que não podemos nos apaixonar? – perguntei confusa.
- Não que eu esteja dizendo que isso possa acontecer. – completei rapidamente, para que ele não me interpretasse mal. Claude suspirou. Percebi que queria falar algo, mas hesitou.
– Por que você nunca responde o que eu te pergunto? – insisti.
- Non sou o homem certo para você. – Ele disparou num único suspiro.
- E eu nunca disse o contrario. Não gosto de você Claude. Não te suporto. - Me esforcei para que esse meu comentário soasse convincente. Já fazia um tempinho que a presença dele não incomodava tanto como antes. E ele estava começando a perceber isso. Mas também um beijo não significava que eu estava morrendo de amores por ele.
- Pois continue a non me suportar. Será o melhor para nós. – Ele replicou me dando as costas com a menção de sair. Mais fui mais rápida e o segurei por um dos seus braços o impedindo de continuar a andar. - O que você esconde Claude? - O tom da minha voz soou firme. Já estava cansada dele sempre falar comigo por partes. Ele não me respondeu. Nessa hora foi à vez dele de me ignorar. Claude se soltou de mim e saiu sem falar nada. Ele sempre fugia quando eu o colocava contra a parede. O que de tão grave ele me escondia? Será que ele não percebia que agindo assim ele só me assustava? Claude havia ido embora. Eu voltei para o restaurante. Frazão continuou a me fazer companhia. Eu havia bebido uma garrafa de champanhe praticamente sozinha. O gerente do restaurante havia me dado de cortesia em compensação pelo estresse que eu havia passado em ficar presa no elevador. Nunca fui de beber, mas também nunca fui tão fraca ao ponto de me embriagar com apenas uma garrafa de champanhe. O álcool acabou fazendo efeito mais rápido do que devia por causa do calmante que eu havia tomado antes do casamento. Então Frazão teve de me carregar para casa. Eu havia praticamente desmaiado no carro dele. Só acordei no dia seguinte com uma baita dor de cabeça e com a Dadi batendo insistentemente na porta do meu quarto.
- Dona Rosa posso entrar? – Perguntou Dadi. Não respondi. Estava cansada demais. Fingi não escutá-la e me cobri ainda mais com o meu cobertor. Dadi entrou mesmo sem minha autorização. E em seguida abriu as cortina das janelas deixando a claridade entrar no meu quarto rapidamente. Suspirei. Não dava mais para dormir. Então me sentei na cama e peguei o despertador para ver as horas.
- Dadi sabe que hora são agora? - Exclamei irritada assim que constatei as horas. Não era nem sete horas da manhã ainda. Para que ela estava me acordando tão cedo assim?
- Desculpa Dona Rosa, mas foi ordem do Doutor Claudes. – Ela se justiçou. Quer dizer que mal tínhamos nos casado e ele já estava agindo como o “dono” da casa.
- Pois saiba você que a sua patroa sou eu. Quem te dá ordens sou eu e não aquele francês. – A repreendi. Ela apenas assentiu sem graça com a cabeça.
- Non briga com ela Rosa. A culpa foi minha. – Ressoou um voz vindo da entrada do meu quarto. Era o Claude.
- E o que você quer a essa hora no meu quarto? – Indaguei irritada. Ele se aproximou de mim e me entregou um copo de água e um comprimido.
- O que é isso? – Perguntei.
- Um remédio para ressaca. Depois do que bebeu ontem creio que non esteja bem. – Ele ressaltou, insinuando minha leve bebedeira de ontem à noite. E para falar a verdade Claude tinha toda razão. Minha cabeça estava a ponto de explodir. Então acabei me rendendo a sua gentileza e aceitei o comprimido que ele havia me oferecido.
- Por que me acordou tão cedo? – O questionei.
- Tenho planos para nós agora. – Ele se explicou.
- Planos? Que planos? – Perguntei receosa. Ele deu um sorriso torto e começou a falar.
- Vamos fazer uma pequena viagem.
- Viagem? Que viagem? Para onde? – Perguntei rapidamente. Como pode ter passado pela cabeça dele de viajarmos juntos. Ele estava bem querendo ter uma viagem de lua de mel é? Nem em um milhão de anos.
- Não pense besteira cherry. – Ele interrompeu meus pensamentos, como se soubesse no que eu tinha pensado e prosseguiu.
- Iremos para Águas da Prata. - É lá que...- Que seus pais eston enterrados. - Ele completou.
- Hoje é o aniversário de morte deles. E seu avô e eu sempre íamos visitá-los nessa época. – Ele respondeu. Hoje fazia mais um ano de morte dos meus pais. Nem me lembrava. Antes de ir embora do Brasil era eu quem acompanhava meu avô a Águas da Prata para visitar o tumulo dos meus pais. Mais depois que fui abandonada, é como se eu tivesse me desligado de tudo que me importava aqui no Brasil. Fui abandonada por quem amava e em conseqüência disso acabei abandonando quem eu própria amava.
- Iremos só nos dois? - Perguntei receosa. - Sim. Mais voltaremos ainda hoje. Antes do anoitecer. – Ele respondeu. Respirei fundo e assenti com a cabeça concordando com tudo isso. Não queria viajar sozinha com ele depois do que aconteceu ontem à noite. Mais eu queria visitar meus pais, estava com saudades. Águas da Prata é a cidade onde eles cresceram e onde foram enterrados. Minha família tinha uma certa ligação com essa pequena cidade. Pode parecer meio ridículo o que eu vou falar, mais sempre sonhei em passar meus primeiros dias de casada lá. Dizia para o Julio, que antes da nossa viagem de lua de mel eu queria ir primeiro para Águas da Prata. Ele sempre achou isso ridículo. E agora por ironia do destino esse meu pensamento irá se concretizar de uma forma indireta. Pois queira eu ou não, hoje não deixa de ser o meu primeiro dia de casada. E para onde estou indo com o Claude? Para Águas da Prata.
Em meia hora eu já estava pronta para viajar com ele. Claude iria dirigindo.
- Já está pronta cherry? – Claude perguntou surpreso assim que me viu descer as escadas.
- Sim por quê? Não era para estar?
- Pedi que Dadi te acordasse bem cedo, por que acreditei que você precisaria de no mínimo umas duas horas para se arrumar. – Ele se explicou sem graça.
- Que exagero. – Resmunguei, revirando os olhos. Ele deu apenas um sorriso em resposta.
-Então vamos?
- Sim. – Respondi. E fomos para frente da casa, o carro já estava a nossa espera. E adivinhem? Antes que eu tivesse a menção de abrir a porta do carro, Claude já tinha feito por mim. - Pode entrar Cherry. – Ele disse apontando para dentro do carro. Revirei os olhos e foi o que eu fiz. Claude foi para o banco do motorista. Antes de começar a dirigir ele colocou uma musica para tocar. Como se fosse à trilha sonora de nossa primeira viagem juntos.
Nunca Vai Estar Sozinha (tradução)
O tempo está passando
Muito mais rápido do que eu
E eu estou começando a me arrepender de não passá-lo com você
Agora eu estou imaginando porque deixei isso preso dentro de mim
Então, estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você
Então, se eu ainda não o fiz, tenho que deixar você saber
Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Você nunca vai estar sozinha
Vou te abraçar até a dor passar
E agora, enquanto eu puder
Estarei te segurando com ambas as mãos
Pois sempre acreditei
Que não há nada que eu precise a não ser você
Então, se eu ainda não o fiz,
Tenho que deixar você saber
Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança tiver desaparecido
Eu sei que você pode continuar
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo sozinhos
Vou te abraçar até a dor passar
Você tem que viver cada dia
Como se fosse o únicoE se o amanhã nunca chegar?
Não o deixe escapar, poderia ser a nosso único dia
Você sabe que apenas começou
Cada dia, pode ser nosso únicoE se o amanhã nunca chegar?
Amanhã nunca vai chegar?
O tempo, está passando
Muito mais rápido do que eu
Estou começando a me arrepender de não ter dito tudo para você
Você nunca vai estar sozinha
De agora em diante
Mesmo que você pense em desistir
Não vou deixá-la cair
Quando toda a esperança se for
Eu sei que você pode continuar
Vamos ver o mundo sozinhos
Vou te abraçar até a dor passar
Eu estarei lá de qualquer forma
Não vou desperdiçar mais nenhum dia
Eu estarei lá de qualquer forma
Não vou desperdiçar mais nenhum dia
Não sei o que está acontecendo comigo. Sinto que estou me deixando envolver mais do que devia em toda essa historia. Que a barreira que eu demorei cinco anos para construir em volta do meu coração está começando a desmoronar vagarosamente pelas pequenas atitudes do Claude. O meu avô sempre foi muito astuto. Acho que já havia previsto isto. Claude é o tipo de homem apaixonável. Mais eu não posso e nem quero me envolver novamente. Já sofri o suficiente no passado. Mas a imagem do beijo de ontem a noite no elevador parecia não querer mais sair da minha cabeça. É como se fosse um DVD arranhado que insistia em não sair da mesma cena. Quanto mais eu tentava não pensar nisso, mais eu pensava. Queria entender o porquê do Claude ter me proibido de me apaixonar por ele. Por que ele havia me dito que não era o homem certo para mim? Perguntas, perguntas e mais perguntas. E nenhuma resposta. Queria colocá-lo contra a parede e obrigá-lo a me esclarecer tudo isso. Mais sinto que ainda não é o momento certo para fazer isso. Nossa viagem estava sendo tranqüila. Claude estava calado. Mal nos falávamos. A música era a única a quebrar o silêncio que a falta de nossas palavras ocasionava. Já estávamos na metade do caminho quando senti vontade de ir ao banheiro.
- Claude você pode parar na próxima parada? – Perguntei meio envergonhada.
- Banheiro? – Ele olhou para mim e perguntou.
- Sim. – Respondi sem graça.
Não demorou nem 10 minutos até Claude parar o carro em um posto de gasolina. Eu desci e fui até banheiro. Não era o mais limpo que eu já tinha usado, mas estava tão apertada que nem liguei para isso. Quando voltava para o carro, percebi que Claude conversava com um caminhoneiro.
- Já voltou cherry. – Disse Claude assim que me aproximei dele.
- Algum problema? – Perguntei curiosa. Claude parecia preocupado.
- Non. É que esse senhor acabou de me dizer que está previsto uma tempestade lá para o lado de Águas da Prata. – Respondeu Claude receoso.
- Sério? Então devemos voltar? – Perguntei.
- Non. Se já estamos aqui, vamos prosseguir. – Respondeu Claude confiante.
E também já estávamos na metade do caminho. Não tinha cabimento voltarmos. Então retornamos para a estrada.Continuamos a viagem calados, sem proferir sequer uma palavra. Parecia que não tínhamos assunto ou talvez Claude estivesse evitando conversar comigo. Até que finalmente chegamos. Águas da Prata era uma cidade linda. Com muito verde. Lembrava-me muito minha infância. Antes de irmos ao cemitério, passamos numa lojinha para comprar dois guarda chuvas, pois já tinha começando a chover levemente e Claude aproveitou para comprar também umas rosas para colocamos sobre o túmulo de meus pais.
- Só isso? – Perguntou a vendedora referindo-se a compras.
- Sim. – Afirmou Claude. - Obrigada e volte sempre. – Ela agradeceu.
Dessa lojinha fomos direito para o cemitério, não tínhamos muito tempo até a chuva engrossar. Não sei se era impressão minha mas Claude não me parecia bem. Estava agindo estranhamente, não que isso fosse uma novidade. Mas é que agora a sua atitude se tornava ainda mais intrigante. Claude tinha uma expressão triste no rosto. Ele estacionou o carro na entrada do cemitério. E ficou parado com as mãos ainda sobre o volante enquanto eu descia.
- Você não vai? – Perguntei ao notar que ele nem fez menção de sair.
- Vá na frente. Já estou indo. – Ele respondeu secamente.
E foi o que eu fiz. Peguei as rosas que ele tinha comprado instante antes e com o guarda chuva em uma das minhas mãos para me proteger da leve chuva que insistia em cair, fui em direção ao local onde o túmulo dos meus pais estava localizado. De longe dava para perceber que era o túmulo mais bonito e bem cuidado de todo cemitério. Estava limpo e ao seu redor tinha muitas flores. Acho que meu avô pagava para alguém preservá-lo. O cemitério era aquele que tinha muitas construções antigas. Cada túmulo era uma obra de arte. Infelizmente tinha uns abandonados. Respirei fundo e aproximei-me lentamente de onde meus pais estavam enterrados e por mais que eu quisesse ser forte, não conseguir segurar o choro. Há cinco anos eu não os visitava. Que tipo de filha eu era? Que havia esquecido totalmente dos próprios pais por causa de uma desilusão amorosa. Coloquei as rosas que eu tinha ainda em mãos, dentro de um jarro que estava ao lado e em seguida me ajoelhei. Queria rezar, desabafar, chorar e acima de tudo queria matar a saudades. Queria compensar todos os anos de ausência. Já tinha se passado uns minutos e nada do Claude aparecer. A chuva estava começando a engrossar. Então achei melhor ir atrás dele. Mas ao me levantar tive uma surpresa. Claude já estava atrás de mim. Ele tinha um olhar fixo no túmulo. Seus olhos estavam marejados e seus punhos cerrados. E para piorar, ele estava debaixo da chuva sem qualquer proteção. O que estava acontecendo com e ele? Claude parecia de verdade sofrer, mas pelo que? Se ele nem sequer chegou a conhecer os meus pais. Eu própria mal cheguei a conhecê-los. Quando eles morreram, eu ainda era muito nova. Aproximei-me rapidamente do Claude, para assim dividir o meu guarda chuva com ele. Claude já estava ensopado.
- Tá maluco? Cadê seu guarda chuva? – Perguntei aflita. Ele não me respondeu.
– Claude estou falando com você.- Insisti com um tom autoritário. Mas ele parecia não me ouvir. É como se estivesse anestesiado. Sequer piscava os olhos. Envolvi um dos seus punhos ainda cerrados com uma das minhas mãos. E ao sentir o meu toque seus olhos desviaram finalmente do túmulo em minha direção.
– O que está acontecendo Claude? – Perguntei angustiada. Ele ficou uns segundos me olhando profundamente e em seguida me abraçou me pegando de surpresa. Acabei deixando o guarda chuva cair nos deixando a mercê da agora forte chuva. Ele afogou seu rosto em meus cabelos. Abraçando-me ainda mais forte.
- Claude! O que está acontecendo? – Insisti em sussurro. Ele não me respondeu. Ficamos abraçados por uns segundos debaixo de chuva até que fomos interrompidos pelo coveiro.
- Vocês vão pegar um resfriado se continuarem assim. – Ele nos alertou ao se aproximar de onde estávamos. Claude se soltou do meu abraço rapidamente.
- Tem razon. Vamos Rosa. – Disse Claude pegando o guarda chuva que eu tinha deixado cair segundos antes e colocando sobre mim.
– Vamos voltar para o carro. – Claude ordenou. Apenas assenti com a cabeça. Estava sem graça. Voltamos para o local onde o carro estava estacionado.
- Você não pretende ficar com essas roupa molhadas né? – Indagou o coveiro referindo-se ao estado em que nos encontrávamos. Estávamos totalmente molhados.
- Tem algum lugar que possamos nos trocar? – Claude perguntou para ele.
- Tem a minha cabana. Se quiser Doutor Geraldy.
– Ofereceu gentilmente o funcionário do cemitério. Ele já conhecia o Claude? Por que o chamou pelo sobre nome?
- Queremos sim. – Respondeu Claude.
– Rosa você trouxe roupas? Hã? - Claro que não. Você disse que não íamos passar a noite. – Esbravejei.
- Nem eu. Acho melhor voltamos para a cidade mesmo, e lá passamos por qualquer loja e compramos roupas secas antes de voltar para São Paulo. – Claude sugeriu. Concordei. Então entramos no carro. Mas ante de sair o coveiro falou algo que me deixou confusa.
- Espera Doutor! Aconteceu alguma coisa? Já faz dois meses que o senhor não aparece por aqui. – Perguntou o coveiro preocupado. Como assim dois meses que o Claude não aparecia? Pensei que ele só viesse uma vez no ano e no aniversário de morte dos meus pais e para acompanhar o meu avô. Olhei para Claude esperando a resposta que ele daria, mas ele deu apenas um sorriso sem graça e deu partida no carro, saindo sem responder nada.
- Por que não respondeu o que aquele homem perguntou? – Indaguei firmemente
- Esse coveiro, ele é meio maluco. Non sabe o que fala. – Claude se explicou. Percebi o tanto que ele se esforçou para tentar ser convincente.
- Ah! Sei. – Exclamei fingindo acreditar em sua mentira. E ele fingiu acreditar que eu acreditei. Confuso não? Paramos em uma loja para comprar roupas. E foi lá que recebemos a má noticia.
- Como assim as estradas estão interditadas? – Perguntei aflita. A vendedora acabara de me informar isso.
- Rosa, calma. Deve ser um engano. – Disse Claude, que tentava me acalmar.
- Desculpe senhor, mas não é engano. Como podem ver, a chuva está muito forte. Foram dados alertas de inundações. Há muitos rios nessa cidade. Os responsáveis pela segurança informaram que ninguém entra e ninguém sair. Pelo menos não hoje. – Esclareceu a vendedora.
Claude passou a mão pela cabeça num gesto impaciente.
- Rosa espera aqui. Non saia dessa loja. Volto já. Aproveita e escolhe logo uma roupa seca se non vai acabar ficando doente. – Ordenou Claude. Ele foi atrás de saber mais informações. Quase meia hora depois ele retornou e pela cara dele, as notícias não eram das melhores.
- E aí? Podemos ou não sair? – Perguntei não me contendo de ansiedade. Ele deu de ombro e balançou negativamente a cabeça. Respirei fundo. Não podia acreditar.
- Eu avisei. E acho melhor vocês irem logo atrás de uma pousada. Pois muitos foram pegos de surpresa por essa tempestade. Se demorarem, é capaz de não ter nem onde dormir. – A vendedora nos alertou.
Era só o que nos faltava. Não ter onde dormir. Compramos umas roupas e fomos direto atrás de alguma pousada. A vendedora estava certa. Todos os lugares que paramos estavam lotados.
- E agora Claude? Onde vamos dormir? – Perguntei angustiada. Já tínhamos parado em 10 lugares e nenhum tinha quarto vago.
- Calma cherry. Vamos achar vaga em algum lugar. – Respondeu Claude esperançoso. Revirei os olhos impaciente. Depois de 10 minutos avistamos outra pousada.
- Quer apostar como essa está lotada também? – Repliquei com um tom irônico na voz.
- Oh mon dieu! Se você continuar com esse pessimismo. Non duvido nada. – Ele rebateu irritado. Descemos do carro e fomo direto ao hall da pousada. - Boa tarde. Em que posso ajudar? – Perguntou a atendente gentilmente.
- Boa tarde. Queremos um quarto. – Disse Claude confiante.
A atendente sorriu. Isso era um bom sinal.
- O senhor tem sorte. Ainda temos um quarto vago. – Ela respondeu educadamente. Claude respirou aliviado.
- Mas na verdade nós queríamos dois quartos. – Disparei rapidamente. Eu não queria ficar a sós com ele.
- Dois?- A atendente me olhou surpresa. Percebi que seus olhos percorreram pelas alianças que Claude e eu usávamos.
- Cherry non fale bobagem. – Claude murmurou entre os dentes para que só eu escutasse. E sorriu para atendente.
- Vamos querer o quarto. Claude preencheu toda a papelada e recebeu a chave.
- Vamos cherry?
- Fazer o que né? – Resmunguei. E fomos para o quarto.
- Por que essa cara de quem comeu e non gostou? – Claude perguntou ao me encarar.
- Por quê? Adivinha. – Rebati irritada. Ele revirou os olhos me ignorando e abriu a porta do quarto.- Primeiro as damas.
– Ele disse apontando para dentro do recinto. Eu entrei.
- Até que não é nada mal. – Comentei enquanto analisava o lugar. O quarto era bem aconchegante. Havia uma lareira. Joguei minha bolsa em cima da cama.
- É tão ruim assim ficar a sós comigo? – Perguntou Claude ao fechar a porta. Não respondi. Na verdade não sabia o que responder. Ele se aproximou de mim.
- Pardon Cherry. Tudo isso é minha culpa. Mesmo sabendo da tempestade eu insisti para que viéssemos. – Ele se desculpou.
- Também não precisa se desculpar. Toda essa confusão teve uma motivação boa. – Respondi gentilmente. Eu tinha que parar de reclamar. Não era culpa do Claude se o mundo estava caindo lá fora.
– Mas... Eu tenho uma pergunta para fazer. – Disse seriamente ao encará-lo.
- Eu sei. Mais seria demais pedir para non fazê-la? – Ele estava apreensivo. Respirei fundo. Aquele não era o momento certo de cobranças. Assenti com a cabeça.
- Tudo bem Claude. Agora não é o momento.
– Concordei, ele sorriu em resposta.
- Você deve está com fome non? – Ele perguntou mais animado ao se aproximar do telefone.
- Morrendo. – Respondi alisando minha barriga. Com toda essa confusão havia esquecido que não tinha comido nada o dia todo. - O que você quer que eu peça para comer?
- Qualquer coisa, mais que seja logo. – Respondi ansiosa. Ele havia pedido fondue de chocolate e um vinho para acompanhar.
- Espero que não demore muito. Estou faminta- Comentei ao me sentar sobre cama.
- Non vai demorar. – Ele respondeu após acender a lareira.
– Vem cherry. Você precisa se esquentar. – Ele me chamou para sentar ao seu lado. Espera aí, era impressão minha ou clima estava romântico demais para meu gosto? Chuva, frio, lareira, fondue e vinho. Isso tudo não era uma combinação muito confiável. Ai meu Deus, onde eu fui me meter? Eu estava a ponto de ter um colapso de tão nervosa, ao contrário de Claude que aparentava estar bem à vontade. Será que ele ainda não tinha percebido a real situação em que nos encontrávamos? Éramos um homem e uma mulher em um único quarto. E detalhe, tínhamos nos casado ontem. Definitivamente, dividir o quarto com o Claude nesse momento não tinha sido uma boa idéia.
Continua...
Emoção na dose certa. Espero ansioso o próximo capítulo. Qual será o segredo de Claude?
ResponderExcluirÉ a versão q mais gosto, pena que vc posta só uma vez na semana!!!
ResponderExcluirGeovanna, estava atrasada e li os dois últimos posts. Ai.. to suspirando até agora.. primeiro aquele beijo no elevador.. depois os dois na chuva e, agora, no hotel.. e qual este segredo? Eles são irmãos ou parentes? ele tem algo haver com a morte dos pais? Vou esperar ansiosa o desenrolar da fic.. tá muito bom!
ResponderExcluirgeeeeeeeeeente!!! morri!!!! to enlouquecida pra saber do segredo de Claude!!! que fofuraaaa....esse Claude é demais.... a Rosa irritadinha...mt engraçado....ashuashuahsuhaushaushu...linda demais sua história geovanna(genoveva..lembra?rsrsr) bjus linda!!!
ResponderExcluirMistério na area!!! Será que a familia de Claude está envolvida na morte da familia de Rosa?
ResponderExcluirEstou adorando sua fic!!! bjs
Nossa,que ansiedade.O que Claude oculta tanto que deixa Rosa cada dia mais intrigada?Não demore muito para postar,viu .Abrs.Lú
ResponderExcluirOi Geovanna, continua 10 sua fic, mas to ficando intrigada q nem a Rosa sobre esse segredo do Claude, bem q podia ser eu a descobrir, iria me esforçar ao maximo pra descobrir tdo desse homem,kkkk.
ResponderExcluirE pq ele disse q é melhor ela nao se apaixonar? q curiosidade. mas continue assim q ta otimo. beijos
Geovanna, estou gostando muito do desenrolar da sua estória! Tem emoção ( o clima entre os dois está esquentando!), mistério ( sem violência), tudo na dose certa! Por que ele diz que ela não deve se apaixonar por ele? E por que ele está sempre fazendo tudo por ela, como se tivesse uma dívida? Mistérios, que só você resolverá! Muito bom! Bjs.
ResponderExcluirNinina sua fic ta demais continua postando por favor e poste mais rapido please!!!
ResponderExcluirparabéns está maravilhosa e intrigante sua fic.
ResponderExcluircontinue neste ritmo que está ótimo.
Geovana,
ResponderExcluirGosto muito de sua fic, porém estou perdendo o interesse, vc sempre promete postar aos sábados e agora as quartas também, mas de repente some.... por favor, dá sinal de vida!!!???
J.E. a Geovana sumiu,vc sabe nos informar se ela irá continuar com a fic "LOVE CONTRAT"?Estamos ansiosas demais ,esclareça esta dúvida por favor!Aguardo resposta.
ResponderExcluirAcho que sim. Já mandei email, mas não tive resposta. Vou enviar outro e informo vocês assim que tiver informações.
ResponderExcluirOk,J.E. grata pela atenção.Aguardaremos por mais informações.
ResponderExcluirCadê a Geovanna? Ela não vai continuar a fic...estou morrendo de curiosidade e ansiosa para saber como vai terminar...tá demorando muito tempo para ela postar....
ResponderExcluirJ.E.; tem alguma notícia da Geovanna?..Não é possível que ela vai parar esta MARAVILHOSA fic na metade...não me canso de ler e reler os capítulos já postados na esperança de ter continuação....se ela não for mais postar era bom avisar para não ficarmos nessa ansiedade toda....agora se ela for continuar ela teria que dar um prêmio para nós leitores..." 3 capítulos de uma só vez" ..rsrsrsrs..
ResponderExcluir