Os dois ficaram presos naquele momento,se olhando com os olhos molhados por alguns segundos,quando Rosa quebrou o silêncio:
R:O sr. está falando sério?
C:Estou sim,a srta. está contratada.
R:E quando eu começo?
C:Bem,por hoje vamos resolver algumas burocracias e questões contratuais e amanhã a srta. já pode começar,tudo bem?
R:Claro,claro,por mim eu começaria hoje mesmo,mal posso esperar pra me sentir útil de novo.
Neste momento,Claude não pôde evitar de soltar uma risada terna e gostosa,provocada pela inocência e humildade daquela moça,que tinha uma energia capaz de levantar o ânimo até do francês mais carrancudo do mundo.
Frazão entra e dá de cara com a cena:
F:E então,como vão as coisas?
C: Muito bem,D. Rosa começa amanhã.
F:É mesmo?
Que bom,meus parabéns – diz,estendendo a mão pra Rosa.
R:Obrigada,dr.
Depois de resolver tudo,Rosa se despede:
R:Bem,então eu vou indo...
C:Mas como a srta. vai?
R:Do jeito que eu cheguei.
C:E como a srta. chegou?
R:Um amigo tá me esperando,sempre que eu tenho que me locomover,ele me leva no carro dele.
C:Ah tá...
Que sorte em ter um amigo assim no seu... – Claude se interrompe.
R:Pode falar,no meu estado.
É sim,o Sérgio é como um irmão pra mim.
E ele nem cobra pela gasolina.
C:Tem certeza que é só um amigo?
Rosa esboça um sorrisinho ao perceber a curiosidade do novo chefe.
R:Quer dizer que o sr. já acha que alguém teria um relacionamento com alguém como eu?
C:Eu nunca duvidei disso.
Nesse momento,Rosa sente um arrepio e fica totalmente desconcertada.
Claude,percebendo que talvez pudesse ter dito alguma besteira,desvia a conversa:
C:Bem,então nos vemos amanhã.
Foi um prazer conhecê-la,e seja bem-vinda.
R:O prazer foi meu,fico feliz em saber que ainda tem pessoas como o sr. no mundo.
Claude fica sem graça novamente.Frazão,percebendo um clima esquisito ali,se oferece pra acompanhar Rosa até a saída.
Momentos depois,quando ele volta:
F:O que foi isso,francês?
C:O que foi o que?
F:Até uma hora atrás você não queria contratar a moça,e agora já estavam até flertando?
C:Que flertando o que,tá maluco?
F:Eu percebi o clima entre vocês,assim como vi a risada boa que você estava dando quando eu entrei.
Há séculos que eu não via você com uma expressão daquelas nessa sua cara carrancuda.
C:Ah,pára de implicar comigo,hã?
F:Vai dizer então que a D. Rosa não te despertou nada?
C:Despertou sim,mas não é nada disso que você está pensando...
É que tem algo nela,uma força,uma energia boa,contagiante...
Ternura,foi isso que eu senti.
F:Ternura?????
Isso já é algo enorme,em se tratando de você.
C:Olha lá,hein Frazão?
Esqueceu que eu vou me casar dentro de um mês?
F:Isso nunca foi impedimento pra você.
C:Mas essa moça não é pra essas coisas...
E eu não digo isso pela deficiência dela,digo porque ela é diferente.
Frazão olha com um olhar desconfiado pro amigo,tapando a boca que esboça um sorriso como que dizendo:’’Isso vai dar história...’’
Mais tarde,na casa da D. Joana,mãe do Sérgio...
J:Quer dizer que você conseguiu mesmo o emprego,Serafina?
R:Consegui,D. Joana.
Dá pra acreditar?
J:Isso fala muito bem desse francês,como ele se chama mesmo?
R:Claude,D. Joana.
Claude...*suspiro*
S:O que foi esse suspiro aí,Serafina?
R:Que suspiro,Sérgio?
J:Não liga não,minha filha...
R:Bom,eu vou contar pros meus pais,até mais.
S e J: Até mais.
Antes do acidente de Rosa,a família Petroni morava no casarão que ficava no andar de cima,mas depois,tiveram que se mudar pra uma casinha um pouco menor na parte de baixo,por causa das escadas.
Eles faziam de tudo pra que Rosa tivesse a maior praticidade possível,afinal,o que tinha lhe acontecido já era sofrimento demais.
Assim que Rosa sai:
J:Filho,filho...
Onde já se viu reclamar com a menina por causa de um suposto suspiro que só você ouviu?
S:Mãe,você sabe que eu amo a Fina como se ela fosse minha irmã,e eu não quero que ela sofra de novo...
Nós sabemos os estragos que o Júlio causou.
No dia seguinte,na construtora...
R:Bom dia,dr. Claude.
C:Bom dia,D. Rosa.
Claude observava perplexo a facilidade com que Rosa já havia se habituado.
Mal chegara,e já estava redigindo uma carta,e parecia ser bastante rápida digitando.
Definitivamente,aquela moça era um exemplo de garra e superação.
R:O sr. precisa de alguma coisa?
C:Hã?Não,não,pode continuar tranquila.
Assim que Claude vira as costas e fecha a porta do escritório...
N:Bom dia.
R:Bom dia,posso ajudá-la?
N:Eu vim ver o meu noivo,mas tô com uma sede...
Será que você pode ir buscar um chá gelado pra mim,por favor?
R:Eu vou ligar pra copa,só um momento...
N:Minha filha,eu pedi pra você trazer,não ouviu?
R:Infelizmente,isso não será possível.
N:Ah,é?
E porque não?
Rosa responde se afastando da mesa,deixando que Nara veja que ela está numa cadeira de rodas.
N:Não sabia que a construtora estava contratando inválidos.
Onde já se viu isso,contratar alguém que nem pode cumprir suas funções direito?
R:Minhas funções eu posso cumprir muito bem,o problema é que ir buscar um chá gelado pra srta. não está entre elas.
N:Além de aleijada,você é uma insolente!
C:NARA!
Nara olha pra trás,assustada:
N:Mon amour,não te vi aí.
C:Como você pode falar assim,hã?
E D. Rosa tem toda a razão,ela não é copeira,é secretária.
N:Perdão,mon amour...
C:Não é pra mim que você tem que pedir perdão.
N:Perdão,SECRETÁRIA.
R:Meu nome é Rosa,e não foi nada.
N:Vamos ao seu escritório?
Eu tenho alguns detalhes do casamento pra discutir com você.
C:Tudo bem... – diz,fazendo cara de infortúnio assim que a noiva vira as costas,ao que Rosa retribuiu com um sorrisinho de cumplicidade.
C:Não liga pra essa tonta – diz,apenas mexendo a boca,sem voz.
R:Não se preocupe – retribui.
N:Vamos,Claude? – diz,se virando pra eles novamente.
C:Oui,cherie.
R:Então ele vai se casar...
Mas que tonta eu sou em pensar que podia ter alguma chance com esse homem...
Os dias se passavam,e tudo corria muito bem.
Rosa já estava totalmente familiarizada com o funcionamento da empresa,com suas funções,e com algumas manias do chefe também.
F:O que é esse bombom aqui na sua mesa,Claude?
C:Rosa sempre deixa pra mim.
Ela sabe que não começo o dia direito sem um desses.
F:Humm,sei...
C:Que foi?
Vai começar?
F:Eu não disse nada – diz,rindo.
No fim do dia,estava caindo uma tempestade terrível...
Todos já haviam ido embora,com exceção de Claude e Rosa,que ficaram trabalhando num relatório até depois do expediente...
C:É,D. Rosa...
Parece que nós não vamos conseguir sair daqui tão cedo.
R:É,eu liguei pro Sérgio,e ele tá preso no trânsito,coitado.
De repente,surge o som de um trovão,que assusta Rosa.
C:Calma,tá tudo bem – diz,se abaixando e segurando as mãos da moça.
R:Eu me assustei.
C:Seus olhos são lindos,sabia?
R:O sr. acha?
C:Acho sim...
Mas ao mesmo tempo que eles transmitem paz e doçura,dá pra notar um vestígio de tristeza...
A srta. não quer me contar o porque disso?
O que aconteceu de tão grave na sua vida?
Rosa olhava Claude,e sentia que podia desabafar com ele.
Afinal,ninguém nunca havia conseguido lhe passar aquela sensação de segurança apenas com um olhar e segurar de mãos.
R:Há 10 anos atrás,eu conheci um homem,o nome dele era Júlio.
C:Seu ex-marido?
R:Isso mesmo.
Eu estava completamente apaixonada por ele,e esse foi meu maior erro...
C:Como assim?
R:Acontece que o fato de eu estar tão apaixonada fez com que eu me casasse com ele sem antes conhecê-lo direito,e essa foi a minha desgraça...
Coitada da Rosa, esta fic da Fernanda é de chorar de linda.
ResponderExcluirFernanda, só agora consegui um tempo para ler a sua fic,e pra ser sincera, de inicio achei que não gostaria da estoria por tratar de um assunto tão pouco abordado em romances e tão diferente da original. Mas você conseguiu me surpreender, e pelo que li até o momento, creio que conquistou mais uma fã nesse blog. Estou gostando muito, e pelo que vi mais surpresas maravilhosas virão pela frente. Parabéns!! E seja muito benvinda entre nós biscoitinha!!!Bjos
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