DEU A LOUCA EM SERAFINA, A ROSA - UM TEXTO INÉDITO DE CLÁUDIA G

ERA UMA VEZ uma mulher chamada Serafina Rosa Petroni. Serafina havia ficado transtornada depois que o seu noivo, Júlio, a quem ela tanto amava (ou achava que amava) a abandonou. Júlio, não era assim aquela Brastemp, mas dava um caldinho e Rosa já passava (bem) dos 30 e precisava casar, o problema é que seu Giovani não dava trégua e o molóide não aguentou e deu basta no relacionamento. No fundo ela sabia o que Júlio queria, mas sentia medo do pai e todas as vezes que ameaçou ir além no relacionamento, acontecia algo que a impedia de chegar às vias de fato.

Como se não fosse suficiente ter sido abandonada pelo noivo e ser virgem aos 30 e tantos anos, Serafina estava também desempregada, o que, para ela, era motivo suficiente para dar cabo de sua vida.

Serafina ia todas as segundas-feiras pela manhã, na maior biblioteca do Bexiga só para ler o caderno de empregos do jornal de domingo, dia em que o volume de ofertas era maior. Ela percorria avidamente com os dedos todas as ofertas, mas quando chegava na letra “S” ela era mais atenta. Serafina sempre quis ser secretária, desde criança. Até que um dia leu um anúncio grande de uma vaga para secretária de presidência e, no auge de seu complexo de inferioridade, achou que seria demais pra ela, mas resolveu tentar, um selo a mais, outro a menos para enviar um currículo, que diferença faria na vida dela?

No dia da entrevista, Serafina colocou sua melhor roupa, fez o seu famigerado coque no cabelo e foi tentar a sorte. Depois da entrevista no recursos humanos, ela foi encaminhada para a entrevista com o presidente da empresa, Claude Antony Geraldy. Meu Deus! Que homem é esse? - pensava Rosa - Isso sim é homem, não aquela porcaria do Júlio. E esse sotaque? Mon Dieu! Rosa tentava se concentrar na entrevista, mas por vezes se distraía e nem sequer ouvia o que ele dizia. Claude não achou Serafina a melhor opção, muito menos atraente o suficiente para ser sua secretária, mas tinha pressa na contratação, porque a anterior tinha abandonado o emprego depois dele ter dito que ela era lenta como um bicho-preguiça e mais desastrada que garçonete no horário de almoço.

No seu primeiro dia de emprego Serafina se empenhou ao máximo para agradar o patrão. Os dias foram passando e ele não dava a mínima para a nova secretária. Serafina ficava irritada, seu trabalho era impecável como ele podia ignorá-la daquela forma?

Uma dia em sua casa, Serafina assitia um desses programas femininos e no programa haviam duas consultoras, uma de moda e a outra de comportamento social. Ela ouvia atentamente cada dica que aquelas mulheres davam. Serafina passou a comprar livros de etiqueta e moda, gostou boa parte das sua economias com roupas de grife e nos cuidados pessoais. No dia em que assumiu ser uma nova mulher Serafina, passou a se apresentar como Rosa e deixou a todos de boca aberta, todos queriam saber o motivo da mudança, mas Rosa se limitava a dizer que a partir daquele dia ela havia enterrado o tribufú que existia dentro dela.

Rosa enterrou e enterrou com gosto! Ela havia se tornado a mulher mais elegante da empresa, ela era referência de beleza, elegância e educação. Ela se lembra como se fosse hoje o dia que Claude viu seu novo visual, ficou estampado na cara do francês que ele havia, não só aprovado, mas ficado muito interessado na sua secretária a partir de então. Rosa não estava a fim de facilitar, embora desejasse loucamente aquele homem, mas não queria parecer fácil. Fácil, nunca!

Os dias foram passando e Rosa havia descoberto os pontos francos do seu alvo e foi usando isso à seu favor. Não demorou muito para o primeiro convite para jantar...

(CONTINUA)