Rosa: A senhora aceita um café?
Nara: Não, prefiro um chá.
Rosa: Claro, vou pedir pra providenciarem, com licença.
Nara: Mocinha!
Rosa odiava receber esse tratamento de quem quer que fosse: “mocinha”, “querida”, “minha filha”, este último ela abria exceção para os pais, tão somente.
Rosa: Rosa. Meu nome é Rosa.
Nara: Rosa, claro! Me desculpa... por favor, peça para colocarem duas gotas e meia de adoçante.
Rosa: Duas gotas e meia? - pergunta com estranheza.
Nara: Exatamente.
Rosa: Tudo bem. Mais alguma coisa?
Nara: Não, pode ir.
Rosa: Com lincença.
“Mulher insuportável! Como o Claude aguenta isso?”. Rosa deixou de pensar apenas e quando se deu conta estava remedando a namorada patrão: “peça pra colocarem duas gotas e meia de adoçante”.
Claude: Bom dia!
Rosa: Ah, bom dia! Como vai?
Claude: É impresson minha ou você estava falando sozinha?
Rosa: Não, imagina! Impressão sua. Sua namorada está aguardando você aí dentro.
Claude: Ela está aí é? - diz com ar desanimador.
Rosa: Sim, está. Vou pedir um chá pra ela, quer um também?
Claude: Por favor, de camomila e com muito açúcar.
Rosa: Está bem, vou providenciar.
Claude entrou na sala e sua namorada não lhe deu tempo de dizer bom dia, deu-lhe um beijo que o deixou sem ação, enquanto se beijavam, Rosa bateu na porta para servir o chá, mas como não ouviu resposta resolveu entrar e se deparou com a cena.
Nara: Você não bate na porta pra entrar?
Rosa: Eu bati. O chá. - disse já os servindo e em seguida saindo da sala.
Claude ficou constrangido com a cena e resolveu advertir sua namorada.
Claude: Nara, não faça mais isso. Isso aqui é um local de trabalho e os funcionários não tem culpa de ter interrompido algo que não deveria estar acontecendo aqui.
Nara: Pensei que você gostasse dos meus beijos.
Claude: Eu gosto, mas aqui não é lugar e nem a hora.
Nara: Nossa, mon amour! Como você está arredio hoje. Vai jantar comigo hoje?
Claude: Non, non vai dar.
Nara: Por que não?
Claude: Porque... - Claude precisava inventar algo mas não sabia o que dizer. - Vou ter que trabalhar.
Nara: Trabalhar? De noite?
Claude: É... os americanos que eu estava esperando já estão no Brasil e preciso ciceroniá-los.
Nara: E eu não posso ir junto com você?
Claude: Acho melhor non.
Nara: Tem vergonha de mim?
Claude: Claro que non! É que... eu ainda non os conheço muito bem.
Nara: Tudo bem, Claude. Preciso ir.
Claude: Tá, tchau!
Nara: Nossa! Não vai me dar nem um beijo?
Claro: Claro! - Claude nem percebeu mas o beijo dele em Nara foi frio, rápido e distante.
Nara saiu encucada da sala e ao passar pela mesa de Rosa a fitou de forma antipática e foi embora. Rosa não se manifestou por que a antipatia era recíproca.
No fim do dia Claude chamou Rosa em sua sala para falarem sobre alguns contratos que precisavam ser feitos e Rosa percebeu uma certa inquietação no seu patrão, apesar do receio, resolver questionar.
Rosa: Está tudo bem?
Claude: Sim, por que?
Rosa: Desculpa, mas você me parece um pouco aflito. Tem alguma coisa te incomodando?
Claude: Sabe o que é... tenho um grande amigo que namora uma moça, mas ele acha que não gosta dela. Ele conheceu uma outra moça e acha que está apaixonado por ela. Ele me perguntou o que fazer e eu não sei como ajudá-lo.
Rosa: Puxa! Se preocupa tanto assim com seus amigos?
Claude: É que é um grande amigo, sabe?
Rosa: Sei... Acho que se ele não gosta da namorada, tem que terminar o relacionamento, vai levar até quando uma situação dessas?
Claude: É, tem razon...mas e quanto a outra que ele acha que está apaixonado?
Rosa: Bom... acho que ele deveria primeiro resolver sua situação com a namorada e depois partir pra outra.
Claude: É, vou dizer isso à ele.
Rosa: Ficou faltando esses papéis para assinar.
Claude: Ah sim, já vou assinar. Como foi o chá com miss Smtih?
Rosa contou com impolgação sobre a conversa que teve com miss Smith e de como gostou de estar naquele lugar. Claude ouviu atentamente, para ele era um prazer poder ouví-la e sentir aquela vibração positiva que ela passava.
De noite, como fazia todos os dias, Rosa ligou o som e ouviu todas as músicas românticas que podia, aquele dia estava estranho pra ela, era como se tivesse ouvido uma declaração de amor do homem que amava. Rosa ficou pensando se o tal amigo não era ele mesmo e se a outra por quem o tal amigo estava apaixonado não era ela... “Nossa! Seria demais!”. Mas Rosa não percebia, mas ainda tinha resquícios do seu complexo de inferioridade e, por mais que quisesse acreditar, ela duvidava. “Menos, Rosa, menos!”.
Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão...
No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol...
Amargo fim
Simplesmente sol...
(Sonho de Ícaro – Byafra – ouça em: http://letras.terra.com.br/biafra/44571/)
Gostei da homenagem para o Eugênio. Texto ótimo como sempre...
ResponderExcluirObrigado pela homenagem, adorei. Parabéns!
ResponderExcluirÉ uma delícia ler as suas histórias. São bem do jeito que eu gosto, bem românticas...Bjs Valdeci
ResponderExcluirCláudia, muito bonito! A música do Byafra no final foi realmente muito lindo! E quem dera que Claude na tv fosse como o teu, mas isso é pra quem sabe fazer! Bjs.
ResponderExcluirClaudia.. estava atrasada nesta versão..
ResponderExcluiresta Serafina é tão real.. e este Claude é muito mais esperto, hein? a musica do Byafra foi ótima. Obrigada.