Roberta – Eu não consigo acreditar que você é filho da Joana Carioca...
Sérgio – Eu não te falei, porque a minha mãe pediu. Você entende...
Roberta – Claro, é que eu estou surpresa...
Sérgio – Conta como vocês se conheceram?
Roberta – A sua mãe me ensinou tudo que eu sei... ela tem um talento ... é uma pena ela não estar mais atuando... não estar mais no meio...
Sérgio – Eu também acho, mas...
Roberta – Por que ela se afastou do teatro, da carreira?
Sérgio – Ela sempre diz que foi para me criar... que abriu mão de estrelar uma peça...
Roberta – A peça em que eu fui a protagonista e que fez minha carreira decolar... eu gosto muito da sua mãe... ela foi uma grande amiga...
Sérgio – Eu sinto que tem alguma coisa que vocês estão escondendo, no início eu achava que era vergonha, por hoje ela ser uma costureira, mas tem mais coisa...
Roberta – Sérgio, dá um tempo para sua mãe e depois com calma conversa com ela... ela vai te esclarecer... e eu também fiquei impactada por esse re-encontro... estou precisando ficar sozinha...
Sérgio – Isso só reforça o meu pressentimento...
Roberta – Vamos conversar amanhã... Não esquece que temos ensaio...
Sérgio – Amanhã nos encontramos...
Roberta – Não pressiona a tua mãe.
Sérgio e Roberta trocam um beijinho e Roberta vai embora.
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Beto – Então, você está mesmo arrependida?
Raquel – Claro Beto... Eu não achei certo... fazer o que eu fiz...
Beto – E o que você pretende fazer?
Raquel – Eu não sei o que fazer... por isso eu vim falar contigo... Você tem notícias do papai...
Beto – Ele está para chegar... por esses dias...
Raquel – Estou precisando tanto dele. Beto, eu e a Elisa estamos com muito medo... eu tenho medo de voltar para aquela casa.... O Vovô falou de jeito, aquilo da mamãe estar velha e ter que começar a investir em mim... que eu fiquei gelada...
Beto – A mamãe não vai deixar o vovô te fazer mal...
Raquel – E o que eles fizeram com você, não conta?
Beto – E que eu não sou parente deles, com você é diferente...
Raquel – Será?
Beto – Vamos fazer assim, volta para lá, cuida o que você fala e não dá bandeira... qualquer coisa que você descobrir me avisa ou liga para o investigador Paulo. Anota o número do telefone dele... se você sentir que a coisa apertou vai lá pro cortiço que eu dou um jeito... Eu tenho que ir que fiquei de encontrar com a Tersinha...
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Claude – Boa tarde, entrem. Aconteceu alguma coisa ...
Freitas – Aconteceu e é um assunto é grave.
Claude pensa – Toda vez que o bicho pega, eu tenho que aturar esse investigador, mon Dieu...
Claude – O que aconteceu?
Paulo – Temos fatos concretos que indicam que o Sr. Egídio é na verdade o Sr. Olegário, os documentos que comprovam isso estão chegando do nordeste, provavelmente em alguns meses, pois no sertão as coisas são mais difíceis... documentos são extraviados e até destruídos...
Claude – Meses? Non é possível isso...
Paulo – Por lá as coisas não são como aqui e depois faz muitos anos...
Claude – O senhor sabe por que ele trocou de identidade?
Freitas – Claude, lá no sertão, entre inúmeros outros crimes, ele participava de uma rede de tráfico de crianças e adolescentes para fins de exploração sexual comercial e pelo que pude perceber ele diretamente está envolvido com pedofilia...
Claude – Non pode ser... o Egídio? Non é possível...
Paulo – E pelo visto, isto é só o começo do fio da miada... hoje, existe uma corrente que classifica a pedofilia como uma desordem mental e de personalidade do adulto, e também como um desvio sexual, pela Organização Mundial de Saúde ...
Claude – Enton, Egídio realmente é ... non sei nem como classificar... um pedófilo e trafica crianças ...
Freitas – Eu comecei a descobrir essas situações e logo vieram as ameaças ...
Claude – Ameaças?
Freitas – Estou sendo seguido e tenho a sensação de que algo ruim pode me, quer dizer, nos acontecer... pois qualquer um que atravessa o caminho deles, pelo que pude levantar, é eliminado ou eles colocam a pessoa numa situação que ela fica com medo de ser presa e não tem como reagir...
Claude – Mon Dieu, como é que eu non percebi isso antes, Freitas, por que você non me falou? Eu quero que o Frazon acompanhe esta conversa... vou telefonar para ele...
Freitas – Claude, na verdade, eu não tenho provas documentais de nada, só pistas e depois ele era o seu sogro... você não acreditaria...
Claude – Eu sei ... é verdade ... eu estava cego e surdo ... vou ligar para Frazon ...
Enquanto eles aguardam a chegada de Frazão, Claude começa a lembrar do dia em que Nara enviou as fotos para os americanos ...
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Ele havia chegado do encontro com Nara. Mrs. e Ms. Smith chegam, logo depois, ao seu apartamento. Mrs. Smith, direta, pergunta para Claude se ele tem outra mulher. Claude e Rosa olham espantados para eles.
Claude – Eu... por que a senhora está perguntando isso?
Rosa – É por que Mrs. Smith?
Ms. Smith – Elisabeth recebeu essas fotos de Doctor Claude e de Nara... (Mrs. Smith mostra as fotos para eles).
Rosa pega as fotos e olha demoradamente – Essas fotos foram as mesmas que a Nara enviou para mim... iguais, uma pena que eu deletei, num acesso de raiva... são fotos antigas, da época que eles eram noivos, que ela insiste em dizer que são de agora, não é amor?
Claude encara Rosa – São antigas chérri. Você acredita em mim?
Rosa – Claro, meu amor... mas conta para o casal Smith a verdade ...
Claude – A verdade? Claro... claro ... Hoje eu estive com Nara, mais uma tentativa de fazê-la entender que eu sou um homem casado... mas ela não aceita e fica fazendo ligações, enviando fotos...
Mrs. Smith – Eu já tinha percebido que Nara estava... Como se diz aqui no Brasil Smith?
Ms. Smith – Despeitada... rejeitada... largada...
Mrs. Smith – Despeitada... isso, mas não pensei que fosse tanto ... para fazer esse tipo de coisa...
Rosa – Por isso que Claude combinou comigo hoje, não é amor? Que iria conversar com Nara para ela nos deixar em paz de uma vez por todas...
Claude – Foi isso que eu fui fazer... dizer para Nara (Claude segura as mãos de Rosa), mas ela já aproveitou e ligou para a senhora. Eu senti que caí numa armadilha...
Mrs. Smith – Ligou não, Doctor Claude, mandou fotos para o meu celular... sem se identificar
Rosa – São fotos antigas... não é mesmo Claude?
Claude – Antigas... claro que são antigas... essas fotos
Mrs. Smith – Doctor Claude acha certo deixar sua esposa e ir encontrar com sua ex-noiva?
Rosa – Mrs. Smith, Claude foi com a minha autorização e consentimento, eu confio no Claude. Ele foi tentar fazer a Nara entender que nós estamos casados, pois eu já tentei, mas não adiantou... Ela não se conforma com a situação do nosso casamento. Lembra que nós já conversamos sobre isso... E essa história, essa pressão não está fazendo bem para a minha gravidez...
Claude – Mrs. Smith, eu sou casado com Rosa e a cada dia que passa eu a admiro mais e a respeito ... nós vamos ter um filho... e ...
Ms. Smith irritado – Elisabeth, vamos indo...
Mrs. Smith – Respeito? Vamos Smith, mas eu vou ficar de olho nessa história, ou melhor, vou marcar um chá com a Nara para ouvir a explicação dela... E Rosa eu vou marcar consulta com um médico da minha confiança para saber se está tudo correndo bem com a sua gravidez...
Claude e Rosa impactados com a decisão de Mrs. Smith levam o casal até a porta e suspiram.
Rosa – Essa foi por pouco... mas e agora o que vou fazer com a consulta que Mrs. Smith vai marcar... e Nara? Vai ter coragem de confirmar que o nosso casamento não é verdadeiro?
Claude – Rosa, obrigado! (Ele tenta segurar as mãos dela, mas ela dá um passo para o lado) Eu quero explicar...
Rosa – Você não precisa explicar nada, eu já entendi... ainda bem que Mrs. Smith não é observadora e não percebeu que a roupa das fotos é a mesma que você está usando hoje... nossa ( ela começa a cheirar as próprias roupas) estou com o cheiro do perfume forte e marcante que a Nara usa, acho que estão nas suas mãos... vou tomar um banho e trocar de roupa... esse perfume é muito forte...
Claude leva as mãos ao nariz – Rosa, espera! Eu quero explicar, fazer você entender...
Rosa começa a subir as escadas – Eu já disse: você não precisa explicar nada e também não precisava ter mentido pra mim. As coisas já estão suficientemente complicadas e se existirem mentiras entre nós, vão ficar mais difíceis ainda...
Claude faz menção de ir até a escada, mas Rosa o faz parar com um sinal – Rosa me escuta, por favor... me deixa explicar... Você sabe como é Nara...
Rosa – Eu sei como é Nara. A pergunta correta é: você sabe?
Claude – Eu estou descobrindo...
Rosa – Descobrindo... como você é... como ela é...
Claude – Se você me deixasse falar...
Rosa – Eu entendi perfeitamente o que aconteceu, não precisa detalhar... Eu sempre soube, você nunca me enganou. Você está casado comigo pelas circunstâncias e pelo dinheiro dos americanos... eu estou casada com você, porque acredito no projeto das casas populares que vai beneficiar muitas pessoas que realmente precisam... Agora se você quer o contrato com esses americanos, vai ter que se controlar e ter um pouco de respeito por esse casamento de mentira... Hoje eu estou chateada com você pela mentira... mas vai passar...
Claude – As coisas non são bem assim... non é como você está pensando... vai passar mesmo... eu menti porque...
Rosa – Não é o que estou pensando... é o que estou vendo... ah, eu não quero te assustar, mas é bom você começar a pensar numa saída para essa história de consulta e do encontro de Nara com a Mrs. Smith...
Claude – Enton, vamos conversar para ver se juntos temos alguma idéia...
Rosa – A melhor pessoa para você conversar sobre isso é a Nara... Eu preciso tomar banho agora. Tenho certeza que você conhecendo a Nara, como conhece, vai encontrar uma solução para essa situação... E como ela quer “tanto” o seu bem... vocês vão encontrar uma saída...
Claude – Rosa?
Rosa – Boa noite, Claude. (Rosa sobe as escadas)
Claude fica preocupado e volta a cheirar as suas mãos e as suas roupas e sente o perfume de Nara.
Claude – Rosa tem razon, eu também estou precisando de um banho, que cheiro pavoroso... grudou em mim... eu non vou desistir dessa conversa... ela vai dormir no meu quarto e aí...
**
Frazão chega à casa de Giovanni.
Frazão – Claude! Acorda.
Freitas – Ele está assim há um tempão...
Paulo – Ele é sempre assim?
Claude – Claro que non, eu estava... também quer saber ... não interessa...
Frazão – O que houve para você me chamar aqui com tanta urgência?
Claude – Você tinha conhecimento do que o Freitas está contando...
Frazão – Conhecimento sobre o que?
Freitas conta resumidamente tudo o que sabe.
Frazão – Claude, aqui só você ainda tinha alguma dúvida sobre o caráter de Egídio. Pra mim isso sempre foi muito claro, bandido, se vendeu para a concorrência, queria ferrar contigo...com a construtora, eliminar a Rosa, ainda bem que ela não está aqui, eu não sei o porquê desta relutância em aceitar o óbvio... você ficou cego pela Nara... e eu que sempre imaginei... deixa pra lá...
Claude – Imaginou o quê?
Frazão – Deixa assim... e você Freitas, por que não avisou antes?
Paulo fica só observando a discussão dos três.
Freitas – Eu estava com medo, essa gente é muito perigosa... não pensa que o medo passou, sinto que a minha batata está assando...
Paulo – Senhores! Temos que ser objetivos... o motivo da nossa vinda aqui, Dr. Claude, é pedir autorização para acessar os documentos assinados pelo Sr. Egídio para realização do exame grafotécnico a fim de compararmos com as assinaturas do Dr. Olegário, assim que a papelada chegue...
Claude – Está autorizado, depois veja se eu preciso assinar algum documento...
Frazão – O Egídio tem ido muito pouco ao escritório, é melhor nós tomarmos cuidado...
Alguém bate. Giovanni que estava descansando entra na sala e olha para todos.
Giovanni – Esta casa está com um movimento nos últimos dias.
Giovanni atende e Pimpinoni entra acompanhado de um homem.
Pimpinoni – Boa tarde a todos! Seu Giovanni esse senhor é oficial de justiça e estava procurando pelo senhor.
Todos respondem: boa tarde!
Giovanni – Boa tarde! Eu sou Giovanni Petroni.
Oficial de justiça – O senhor poderia assinar que recebeu essa notificação?
Giovanni – O senhor poderia esclarecer qual o conteúdo desses documentos?
Oficial de justiça – É uma ordem de despejo. O senhor tem sessenta dias para desocupar a casa.
Giovanni e Claude – Como é que é?
Mari, adoraria ter visto o sabão da Rosa no Claude! Perderam uma ótima oportunidade de acertarem na TV, mas vc não, foi ótima! Bj.
ResponderExcluirMariana, era assim que a gente queria ver Rosa: mais firme, e não aquela pessoa que só engole sapos e aceita todos as humilhações do francês como se ele tivesse o direito de fazer isso. Essa tua Rosa sabe fazer-se respeitar! Bjs.
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